sexta-feira, 13 de março de 2009

A ITALIANADA



Não é difícil saber por que gosto tanto de lasanha, de pizza e de massas em geral.

É que o sangue italiano pulsa forte.

Meu Deus do céu, como me orgulho do Martino do meu nome.

A italianada que me forneceu parte do sangue fincou pé em Alvinópolis no inicio do século passado e penso ter sido fundamental para a configuração da cidade do jeito que é.

Lembro-me muito do meu avô Dominguim, um italianinho danado de bravo mas inteligente e forte como ele só. Era uma metralhadora pra xingar, tinha pouca paciência com quem errava demais no trabalho, mas era uma doçura conosco, com um coração do tamanho da Itália. 

De vez enquando tomava uns porres e desatava a delirar, contando casos pra lá de surreais. Meu primo Nivota deve se lembrar de um dia em que contou que tinha um gato datilógrafo. Mas isso era pouco para as peripécias do seu Dominguinhos. Aliás, fui espectador de uma parte muito pequena da história daquele italianinho das pernas tortas e dos cabelos de prata, um anarquista, graças a Deus.

Do meu avô, veio tio Ronald Martino, mais conhecido como Pintacuda, um dos maiores motoristas da história de Alvinópolis. Dizem que tinha esse  porque havia um piloto famoso na Itália que tinha esse nome e meu tio aprendeu a dirigir aos 6 anos de idade, quando saiu dirigindo um carro que estava sendo consertado na oficina do meu avô. Daí que pegou gosto pelos automóveis e viveu como motorista até seus ultimos minutos de vida.

Ele teve também a minha mãe, a Dona Neusa do Cartório, dona de uma inteligência e uma finesse que nunca vi igual.

Mas a Italianada que veio pra Alvinópolis no inicio do século passado tinha outras vertentes. Haviam também os Pettinatis, cuja técnica em artefatos de cobres fez fama na região. Houve ainda  os Ianarreli, os Schettini, que se tornaram grandes comerciantes, os Catizzani, os Mancuzo, os Pascoal(como bem me esclareceu a Cora, que não é Coralina, mas também respira poesia) e outros de que não me recordo agora.

Penso que dessa influência italiana, vem também a predileção da cidade pelas cores azuis do Cruzeiro, o Palestra Itália mineiro, cujas cores foram inspiradas na Azurra, famosa camisa da seleção italiana.

Uma coisa curiosa é que eu pensava que o sobrenome Martino fosse raro, mas pesquisando na internet descobri tratar-se de um sobrenome que tem em toda a bota, tão comum por lá quanto Silva no Brasil.

Dessa Italianada inicial, veio uma italianada nova, gerações que se misturaram e se adaptaram dando sua contribuição no jeito de ser Alvinopolense e até se espalhando pelo Brasil e pelo planeta afora, uma turma também orgulhosa de ostentar o sanguinho com cheiro de vinho da bota.

É isso aí, pessoal! No próximo texto vou falar sobre os Souza, Carvalho e Abreu Lima, ancestrais que figuram entre os  pioneiros na colonização de nossa região.

14 comentários:

Unknown disse...

Marcos, meu comentario não vale. Já vem com suspeita. Os olhos que leem seus escritos ainda são aqueles de tantos anos atrás. Seu texto é de uma ternura e simplicidade de narração que é como voce estivesse a meu lado contando-me este caso de Vô Dominguinho. Aliás, que se aniversariava dia 20 de junho. Viu como sei? E nos bailes da vida, ele junto com Ritinha, Eci Faria, Ester Veloso, Maria Morais e a galera da Rua de Cima. Ah! Precisamos nos encontar mais para revermos os "causos" e você torná-los imortais com seu modo tão lindo de narrar. Beijos Mariângela

Marcos Martino disse...

Achei importante postar aqui email que me foi enviado pelo primo Washington, de Brasilia.

"Fala primo, tudo beleza?

Li seu artigo sobre a ITALIANADA.

Sensacional!!!
Gostei muito mesmo, sua descrição do Tio Dominguinhos me lembrou demais meu avô Carlinhos....

"um italianinho danado de bravo mas inteligente e forte como ele só"
"De vez enquando tomava uns porres e desatava a delirar, contando casos pra lá de surreais"
"italianinho das pernas tortas e dos cabelos de prata, um anarquista, graças a Deus"

nossa, parece que você o estava descrevendo....nei sei se você chegou a conhecê-lo....

acho que os filhos de Vovó Joaninha eram assim bem parecidos, hehehe

forte abraço!!

Washington Martino"

Sheila Vieira disse...

Olá Marcos, muito bacana seu texto. Como sempre, me faz lembrar uma época que não vivi. Às vezes penso que meu espírito vaga por aí. Apesar de nao ser diretamente vinda dos Petinatti, sinto muito próxima a eles, por causa do casamento entre as duas famílias. Meu pai sempre conta casos dos italianos; muitos deles engraçadíssimos. As conversas altas e principalmente os "esbravejamentos", são marcas registradas dos italianos, que acho de tanto conviver, adiquiri com o tempo.
Estou ansiosa pelo texto das famílias Souza e Abreu Lima, pois estas sim, são de fato sangue do meu sangue!
Grande abraço!

Sheila Vieira disse...

Olá Marcos, muito bacana seu texto. Como sempre, me faz lembrar uma época que não vivi. Às vezes penso que meu espírito vaga por aí. Apesar de nao ser diretamente vinda dos Petinatti, sinto muito próxima a eles, por causa do casamento entre as duas famílias. Meu pai sempre conta casos dos italianos; muitos deles engraçadíssimos. As conversas altas e principalmente os "esbravejamentos", são marcas registradas dos italianos, que acho de tanto conviver, adiquiri com o tempo.
Estou ansiosa pelo texto das famílias Souza e Abreu Lima, pois estas sim, são de fato sangue do meu sangue!
Grande abraço!

Vanderhugo disse...

Caramba!
Família é bom demais, rsrsrsrs...

obrigado por dividir um pouco da sua história e da história de nossa cidade. Bom demais...

Quanto ao conto do Manel, o que ocorreu é que eu estava voltando de viagem e um amigo foi me buscar no aeroporto. Chegando aqui em casa, passávamos pela tereza Cristina e eu vi uma mulher descendo a avenida e falei para ele: "que mulher maluca, ficar andando por aqui uma hora dessas!". Ai, ele respondeu: "Cê tá doido? Não tá vendo que é uma prostituta? Ela que é andar ai mesmo." Ai pensei assim: "É, eu sou um Mané mesmo, rsrs". Cheguei aqui e escrevi. Sou sem noção, às vezes.

Abraço, amigo e obrigado pelo comentário.

Vanderhugo disse...

Sua filha tem razão quanto ao interesse despertado pela desgraça alheia. Quanto ao Antigo Testamento, penso que, naquela época, a situação era outra. Não tínhamos, ainda, leis tão elaboradas, estabelecendo limites para as ações humanas. E agiamos mais por instintos. tanto é verdade e, de acordo com a sua observação que instituiu-se o "olho por olho, dente por dente", para começar a limitar ações violentas. Se antes, vc roubava uma ovelha, o cara entrava na sua e dizimava sua familia. Ai, passou a ser o seguinte: se matarem uma filha sua, vc ganhava o direito de matar, tbm, uma filha do assassino. Nada além disso. Isso era um avanço e tanto para a época. Eu penso que hoje estamos bem melhor...

Corinha Policarpo disse...

Marco,

Muito me interessou essa história de italianos, afinal de contas meu sangue também é azul... cruzeirense... clube industrial de carteirinha... e neta de uma italiana muito brava.
Minha familia veio da Italia no século XIX juntamente com a sua e as demais que contribuiram muito para a nossa colonização.
Sou da familia PASCOAL, minha avó paterna Cora ( daí o meu nome ) nasceu em Milão e veio para o Brasil de " gaiato no navio ", familia numerosa e que se espalhou por Alvinopolis e região. Gostaria muito de fazer um estudo da minha arvore geneológica começando pela Italia, mas me falta dados e até mesmo tempo, caso consiga alguma informação gentileza me passar, ficarei muito agradecida.

Corinha Policarpo disse...

Marco,

Agora fica aqui registrado uma pedacinho da minha infância que tem muito a ver com sua familia... é apenas um caso acontecido, que nem sei se os envolvidos vão recordar:
Eu tinha uma velha bicicleta monareta vermelha e vinha eu do colégio toda exibida, afinal ter uma bicicleta pra ir pra escola era para poucos, mas mesmo na minha simplicidade e pobreza, ganhei uma de presente e tinha mais é que exibir.
Resolvi cortar caminho e desci a rua de terra, cheia de buraco onde ficava a famosa oficina do Sr. Dominguinhos de D. Rita, tomei um tombo daqueles, fiquei meio tonta e toda machacada, seu tio Pintacuda e D. Nenem vieram logo ao meu socorro, graças a DEUS tudo acabou bem e com um final feliz.....Luiz me carregou em seus braços e foi me levar em casa de carro.... melhor parte da historia...rsrrss
Beijos

Marcos Martino disse...

Mariângela, Washington e Corinha. Muitas vezes fico me perguntando: porque blogar? Quando me propús o nome "Alvinópolis que pensa", minha intenção era mesmo me comunicar, criar uma rede de sensibilidade, de pessoas que pensassem a cidade, não o pensamento estrutural no sentido material, pragmático, mas o pensamento subjetivo, sentimental mesmo. Sinceramente, os comentários de vocês já fizeram valer à pena essa incursão. E Cora, obrigado pelo esclarecimento. Não sabia que a familia Pascoal era de origem Italiana. Santa Ignorãncia a minha. Já vou corrigir no post original.

Corinha Policarpo disse...

Marco,

Santa ignorancia nada... a cada dia vivido um novo aprendizado.
Com certeza vc conhece muitos Pascoal em Alvinópolis, um deles é o tio Lavinho ( seu vizinho e morador da velha casa de Ninita Mariquinha ), ele é um dos quatorze filhos do meu avô materno ( Zé Pascoal - hoje falecido, mas durante anos porteiro da Cia Fabril e conhecido por muitos ), tem até Pascoal casado com Abreu Lima ( viu a mistura ). Li alguma coisa no site do nosso amigo Marco Antonio Pettinatti, lá ele menciona o nome Antonio Pascoal ( meu bisavô paterno e tataravô materno já que meus pais eram primos em 2º grau ), portanto sou Pascoal dos dois lados.Minha vó Cora era vizinha dos Guimarães/Prímola ( ali no Passarinho , saída para Dom Silverio ) e lá eu morei 22 anos, deixei Alvinópolis em 25/01/1989, 06 meses após o falecimento do meu pai ( Luiz Policarpo, mais conhecido como Luiz Corica - apelido da minha vó Cora).... e por ai vai, minha história é longa, dá prá escrever um livro.
Dizem que o " homem " tem que plantar uma árvore, gerar um filho e escrever um livro, só falta o livro, um dia eu chego lá.
Até breve e um grande abraço.

Unknown disse...

Caro Marco,
Parabéns pelo blog.
Gostaria de acrescentar mais uma famiglia de italianos que ajudou na construção de Alvinópolis.
A famiglia Pettinatto Prímola. Porque dois nomes juntos? Explico.
Mio bisnono se chamava Giovanni Bapttista Prímola e mia bisnona se chamava Maria Rosa Consetta Pettinatto, e se casaram na Itália antes de virem para o Brasil. Ainda na Itália, tiveram a primeira filha, de nome Vincenza Prímola (D. Vicentina) mia cara e dolce nona que veio para o Brasil aos 9 anos de idade e após casar morou no Passarinho, numa fazenda (Dos Guimarães) defronte à fazenda de (saudades) D. Cora Policarpo (hoje do meu pai), nona de Corinha (saudades tb).
Um fato relevante, mas preciso ainda confirmar alguns nomes diretamente na Itália, pois as pesquisas são demoradas (mesmo com a Internet - não depende dela) é o fato de quase todos (ressalva minha) serem de Rivello (http://www.basilicata.cc/lucania/rivello/), uma pequena cittá, situada no Golfo de Policastro, estado de Basilicata, cuja capital é Potenza.
Aproveito para deixar o endereço de meu blog: http://bocaonopulpito.wordpress.com
Abraços.
Marcelo

Corinha Policarpo disse...

Para Marcelinho,

Caro Marcelo,

Quanto tempo...pensei que nem se lembrasse de mim, seu comentário me fez voltar ha 30 anos atrás quando vc e seus irmãos iam passar fins de semana na casa da D. Vicentina, eu ficava doidinha arrumando uma desculpa só pra ir na casa dela, dois motivos : ver vcs e comer as coisas gostosas que ela e suas tias faziam só para agradá-los.Sinto-me honrada por ter convivido com tão bela familia por tantos anos, seu tio Totó , tão carinhoso para comigo, melhor amigo e companheiro do meu pai. Infãncia e adolescência melhor não pude ter, fui muito feliz. Sinto saudades da minha casa e de tudo que vivi, sempre que vou a Alvinopolis minha primeira visita é na casa da sua vó e dos moradores do Passarinho e aí fico na beira da estrada de olhos fitados observando aquela casa, relambrando as noites que eu, meu pai e meu tio Pedro ficávamos tocando violão, cantando e tomando café de rapadura com broa de fubá.
Aproveitando a oportunidade gostaria muito de voltar naquela casa, pisar naquele terreiro, sentar naquela escada nem que seja por 5 minutos, só pra matar a saudade, se me der a oportunidade ficaria muito agradecida, minha história de vida está toda ali, depois que meu pai faleceu e seu comprou a fazendinha minha vida tomou outros rumos e as historias são outras e com valores totalmente diferentes.
Um grande abraço e muita saudades de vc e seus irmãos.
Visite o site do seu primo Marco Tulio Petinatti, tem informações precisoas nele.

Prímola_Maria da Conceição disse...

Olá Marcos!

Lendo seu texto lembrei-me de seu avô e principalmente de Pintacuda que era o melhor amigo de meu pai. Sei que quando Pintacuda faleceu morreu um pouco de meu pai com ele. Grande abraço, Conceição Prímola.

a italianada disse...

Bom dia pessoal!
Alguém sabe alguma informação de meus avôs JOÃO MANSUETO NUNES E LAURIANA AUGUSTA NUNES. Meu avô trabalhou na fabrica de tecido e moraram lá na parte alta perto da igreja do ROSÀRIO.