domingo, 21 de junho de 2009

TENTANDO ENTENDER ALVINÓPOLIS!!!


Alvinópolis sempre teve vocação cultural.
Se formos pesquisar a história, chegaremos à conclusão de que sempre tivemos excelentes músicos, artesãos, até atores de teatro, poetas, escritores, etc.
Só que um novo fenômeno se configurou, que mudou sensivelmente nosso quadro social.
Desde o inicio do século passado, a cidade teve sua economia quase que totalmente dependente da Cia Fabril Mascarenhas, que empregava grande parte da nossa população.
Com isso, desenvolveu-se na cidade uma cultura mais urbana, mais citadina, prevalendo sobre o municipio a cultura produzida na sede da cidade. Nesse tempo, tivemos por aqui cinemas, grupos de teatro, diversos grupos musicais, etc.
Só que com o passar dos anos, o eixo econômico se modificou. A cia de tecidos passou por diversas crises e teve de diminuir o seu contingente de operários. Em contrapartida, a agropecuária teve um crescimento muito grande, passando a responder como nosso principal fator econômico.
Tivemos também mais recentemente a chegada da Bio Extratus, do crescimento do setor de serviços, mas sem dúvidas, a agropecuária passou a ser nosso principal gerador de divisas.
Me corrijam se eu estiver errado.
O fenômeno acabou invertendo também nosso direcionamento cultural, pois passamos de uma cidade de predominância urbana, para o dominio da cultura rural.
Assim, diminui perante a população a importancia da palavra "cultura", prevalecendo a "AgriCULTURA".
Em decorrência , assistimos a decadência gradativa de algumas marcas da cultura local, como dos clubes Industrial Esporte Clube e Alvinopolense, do fim dos nossos cinemas, do festival de música, etc. Enquanto isso, notamos a clara preferência da população para com os eventos agropecuários, como Exposição e Cavalgada.
Analisando friamente, o fenômeno tem vários lados positivos. A agropecuária ajuda a espalhar o desenvolvimento por todo o municipio, desbravando territórios virgens e demarcando melhor as nossas fronteiras. É uma industria não poluente, que nos garante o necessário para a sobrevivencia e que só depende de solo fértil e agua, que temos em abundância.
A ascendência dessa economia rural, fez com que as lideranças da cidade, os políticos principalmente, tenham quase todos procedência do campo, pessoas que tem grande vivacidade, visão econômica, mas nenhum refinamento intelectual, sendo até resistentes a qualquer forma de intelectualismo.
Os representantes dessa cultura rural, pouco se importam com as nossas memórias, com o que passou, pois não tem vínculo algum com o passado. São emergentes e querem escrever uma nova história, de uma outra Alvinópolis que está nascendo dos escombros de um tempo que para eles, já passou.
A antiga Cultura Urbana quase que reduzida a guetos solitários, agoniza a cada dia. Seus agentes teriam de inventar novas estratégias para se adaptar aos novos tempos, repensar suas ações, buscar maneiras de interagir com o público, mas encontram resistencia no orgulho, na vaidade de tempos que já se foram e que ficarão esquecidos na poeira da história.
A esperança seria que aparecesse uma liderança jovem, de perfil mais moderno, mas comprometida com a preservação e elevação das memórias, mas pelo menos por enquanto, não vejo luz no fim desse túnel.

3 comentários:

Marcos Martino disse...

Não me entendam mal. Não estou chamando todo mundo de " da roça ".
Além do mais, não tem nada de mal em sê-lo. Provavelmente os do campo são até mais felizes, pois vivem junto à natureza e levam uma vida mais saudável. Tem sim um tom de crítica no texto, no sentido de que Alvinópolis já teve uma cultura urbana mais presente, com grupos de teatros, clubes sociais e principalmente um movimento estudantil forte através do Colégio e da igreja. Hoje parece que acontece um esvaziamento de conteúdos. Pode ser que minha análise tenha sido por demais empírica, que careça de um estudo sociológico mais aprofundado. Minha intenção foi mesmo lançar um tema e abrir o debate, provocar o pensamento. Espero sinceramente que ninguém me entenda mal.

Marcos Martino disse...

Outra coisa importante de se deixar claro: quando falo dessa liderança jovem, estou me referindo ao âmbito do segmento cultural, não à política partidária. É preciso separar as coisas. Muitos podem até dizer...puxa, mas você está dando um tiro no pé. Bom, eu já passei dos 40 e não posso mais ser incluido no rol dos jovens. Embora que se formos pensar assim até nosso prefeito é velho. Mas João Galo Indio é novo se considerarmos que a maioria dos prefeitos já tem mais de 50.A questão é que nosso prefeito tem uma clara plataforma na área da saúde e uma prefeitura é um todo. Ele vem delegando a algumas pessoas a condução da área cultural e com toda a predominancia rural que cito no texto, esses eventos tem sido um sucesso. Isso poderia até destruir parte da retórica do que escrevi, mas uma coisa não anula a outra. Apenas devo admitir que tem pessoas ainda zelosas pelas coisas boas e talvez eu tenha sido muito duro no texto, nesse sentido.

Marcos Martino disse...

E ademais, durante alguns anos, ainda temos valorosos agentes da cultura, que enquanto estiverem vivos, não deixarão a peteca cair. Mas esperamos que se apresentem agentes das novas gerações, capazes não só de criticar, mas também de agir em prol da nossa cultura.