sexta-feira, 3 de julho de 2009

Somos todos presidiários

O ser humano sempre sonhou com a liberdade.

Nada mais utópico!

Pouquíssimas, raríssimas vezes na vida temos essa sensação de despreendimento.

Mal nascemos e já somos engaiolados.

Primeiro, por que os pais se apressam em nos ensinar as regras para a convivência no mundo civilizado.

Assim, vamos aprendendo principalmente o que não pode.

Depois, vamos para a escola, para de novo aprendermos o que não pode.

A igreja então nem se fala. Mais uma grande coleção de não podes.

Depois, além de todos dessas interdições institucionais, aprendemos os não podes dos embates humanos, as malandragens para não nos darmos mal na política do dia-a-dia.

Quando tentamos caminhar, vemos que é impossível, pois temos várias bolas de ferro atadas aos calcanhares.

Pra completar, vem o casamento, os filhos, o trabalho.

Uma nova coleção de bolas de ferro.

Mas tem mais. O mundo capitalista também nos pega pelo pé, com suas mensagens que nos deixam mal se não acompanhamos as atualizações tecnológicas, se não nos endividamos para fazer girar a roda do consumo.

Portanto, meus amigos, a escravidão não acabou. Apenas mudou de nome.

Os ferrolhos high tech de hoje em dia são mais sutis, porém mais eficientes.

E olha que nem falei das grades, alarmes e tetrachaves em nossas casas.

E olha que nem falei que todos os telefones do planeta estão grampeados.

Talvez seja esse o sentido da palavra purgatório, que tem tudo a ver com penitência, que por sua vez remete à penitenciária.

Somos todos presidiários.

2 comentários:

anamineira disse...

Gostei muito do post. Li pra Marquinhos que completou dizendo que tudo aqui no planeta a gente paga aluguel. Bobo é quem pensa que tem alguma coisa, até uma estrada por onde andamos pagamos aluguel (impostos).
Melhor é desfrutarmos do ar, das cores da natureza enquanto alguém tome posse.
cho que voces estão numa crise de existencialismo.
Um abração amigo,

Marcos Martino disse...

Obrigado pelo comentário, querida Ana. Engraçado que o compositor Silvio Brito, nos anos 70, tinha uma música que falava> "Tem de pagar pra nascer, tem de pagar pra viver, tem de pagar pra morrer". Mas vai além disso, Ana. Talvez a unica maneira de nos libertarmos seja através da meditação transcedental, mas, tomados pela cultura ocidental, consideramos tudo que não seja pra ganhar dinheiro, perda de tempo, inutilidade.