domingo, 13 de setembro de 2009

A SINA DOS VICES

Coisa complicada é ser vice. Veja por exemplo o time que é vice campeão, que tristeza. Se o time é vice campeão mineiro, por exemplo, é o segundo melhor time do estado. O segundo melhor entre centenas de times. Deveria ser honroso, mas é vergonhoso. Se Cruzeiro ou atlético são vices, significa que foram derrotados pelo maior rival, portanto rebaixados à condição de perdedores. Se o sujeito é vice-campeão do mundo de fórmula 1, não significa nada. Vejam o exemplo do Felipe Massa, que perdeu por um ponto para o Hamilton. Quem passa pra historia é o piloto Inglês. Vice não entra pra história. Engraçado que tem uma música da banda Ultraje a Rigor chamada “terceiro”. Essa música é interessante, pois fala que confortável mesmo é ser terceiro, pois ninguém lembra que o terceiro perdeu, só o vice é lembrado como perdedor. Terceiro é posição honrosa, enquanto vice é o perdedor oficial. Ser vice na política também não é fácil. Os vices geralmente entram como puxadores de votos em fatias da população, por ter credibilidade junto a segmentos específicos ou mesmo por agregar votos, informação obtida através de pesquisas. Durante a campanha, o sujeito é tão paparicado quanto o candidato, tem a oportunidade de fazer discursos, de expor suas idéias, levar para a frente partidária um pouco da ideologia do seu partido, inclusive opinando no plano de governo. Só que a realidade depois da eleição é outra. O vice é figura decorativa e se não tiver uma grande capacidade de articulação, acaba se transformando num inimigo do prefeito, por mais bem intencionado que seja. Em primeiro lugar, por tomar atitudes executivas, quando as decisões e as deliberações cabem ao titular da caneta. Em segundo lugar, por não ser atendido em suas reivindicações e idéias, ao ter rejeitadas as proposições de campanha, ao bater de frente contra os projetos do prefeito e seu secretariado. Vice que não tem jogo de cintura, tá morto. Essa é a realidade. Em primeiro lugar, tem de saber respeitar os limites do ego do prefeito. Não tem um que não seja vaidoso e todos querem deixar claro que quem manda são eles. E eles tem razão, pois todas as responsabilidades recaem sobre o chefe do executivo. Em segundo lugar, tem de deixar claro pro prefeito que terá lealdade total, que vai jogar no seu time, pensando num projeto à longo prazo. Em terceiro lugar, tem de dar suporte aos projetos do prefeito e seu secretariado, atuar conjuntamente, de forma harmoniosa. Em quarto lugar, qualquer projeto deve ser apresentado de forma didática, demonstrando as vantagens para o município, os benefícios para as pessoas, os retornos políticos.Em quinto lugar, todas as ações devem ser divulgadas como ações da prefeitura e não como ações individuais, independentes. Difícil mesmo é o vice saber domar o ego, dominar o ímpeto e os conselhos de um grupo de pessoas, que imaginam ajudar, mas acabam atrapalhando com conselhos errados e venenos injetados nos momentos de desavenças. Já vi alguns vices extremamente bem articulados, como o atual prefeito Toninho Timbira de Santa Bárbara, que quando vice soube o seu lugar, conquistou a confiança do prefeito e fizeram juntos uma das melhores administrações de Santa Bárbara em todos os tempos. Outro exemplo maravilhoso é do vice do presidente Lula, José de Alencar. Com todas as diferenças que os dois possam ter, existe uma relação de lealdade e confiança. Alencar é um industrial, um liberal, enquanto Lula é um ex-torneiro mecânico, de visão socialista. Essa união teria tudo pra dar errado, no entanto os dois configuram uma das mais belas amizades da história da república. Como bem diz o poeta, “tudo vale à pena quando a alma não é pequena”.

3 comentários:

Vanderhugo disse...

Amigo Marcos,

vc anda uma fera na escrita!!!

Vejo algumas diferenças entre as situações propostas por vc. Vice campeão é aquele que deixou de ganhar, enquanto que o vice de um cargo público é aquele que tem, por competência, substituir o titular em suas ausências e impedimentos. Diferente na essência, portanto.

Quando partidos diferentes se unem para a conquista de um mandato eletivo, deveriam levar em conta as suas afinidades, a convergência de seus programas partidários. Caso isso acontecesse, estariam, desde a campanha, unidos em torno de um único projeto e trabalhariam em conjunto para a consecução dos objetivos comuns.

Ocorre que, no Brasil, os partidos políticos são extremamente frágeis e a união, geralmente, dá-se em torno de interesses vários, acabando por unir partidos que possuem programas totalmente diferentes. Assim, o titular do cargo acaba por bater de frente com o seu vice e esses acabam sem espaço de atuação política, ou mesmo, sem ter como participar da execução das propostas defendidas durante a campanha.

O vice é um cargo decorativo, vc bem o disse. E, como tal, deveria ser extinto. Até porque, vice não é eleito. Ele é um acessório. As pessoas não votaram no Zé Alencar. Votaram no Lula. O vice costuma agregar, mas, se o candidato à vaga não for bom, não adianta.

A extinção do vice traria economia para os cofres públicos. E, em caso de impedimento do titular, há sempre o presidente da CÂmara ou a possibilidade de o povo voltar às urnas e eleger quem eles realmente quiserem, ao invés de ver, empossado, alguém que, muitas vezes, não era o candidato de sua predileção.

Abraços, amigo!!!

(Tá tomando gosto de escrever sobre política, né... daqui a pouco vira prefeito, rsrsrsrsrs).

Marcos Martino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Martino disse...

Caro Vanderhugo.
Obrigado pelo comentário.
Sua colação procede no que diz respeito ao que deveria ser a política.
Mas ninguém melhor que você pra saber que a política tem componentes que extrapolam a ética e a racionalidade.
No que diz respeito ao marketing politico por exemplo, na hora da campanha, o que vale é conseguir configurar um projeto capaz de convencer a opinião pública de que você tem condições de administrar melhor a cidade e fazer o melhor para as pessoas.
Já depois de eleitos,será hora de comportar os interesses e de montar o time que vai governar.
Ai entram critérios que vão depender do prefeito. Os dois critérios principais são: fidelidade e competência para os cargos. Só que o primeiro critério pesa bem mais que o segundo, assim, se o sujeito for competente mas não tiver fidelidade, companheirismo, será colocado de lado.
Mas quanto à comparação dos vices, voce tem razão quando coloca que há diferenças. Só fiz uma correlação pra introduzir o assunto principal que veio depois. De qualquer maneira, vice sempre sofre. A não ser Itamar e Sarney...rsrsrs