sexta-feira, 26 de novembro de 2010

COBERTOR CURTO!


Faço parte hoje da administração de uma cidade próxima à nossa, um local que recebe gente de todas as cidades da região, portanto um caldeirão efervecente de idéias, de política, de sotaques.
Por um lado é considerada uma cidade grande, pois tem mais de 70.000 habitantes. Por outro lado trata-se de um dos menores municípios de Minas, com território pequeno. Porém, uma das coisas que as duas cidades e grande parte dos municípios tem em comum é o efeito cobertor curto. Vou explicar. Os prefeitos quando assumem as administrações chegam cheios de entusiasmo, querendo mostrar serviço, suplantando seus antecessores, fazendo tudo o que os outros não fizeram e mais alguma coisa. Algo de errado com isso? Não! Todos esperam mesmo que a nova administração arrebente, que as obras apareçam, que os melhores shows do país venham até a cidade. Só que a realidade que se apresenta é frustrante. Vejam o exemplo de João Monlevade. Há tanto por se fazer e a realidade é que o dinheiro arrecadado não é o suficiente. Pra complicar, houve a crise mundial de 2008 que refletiu em 2009, teve uma tentativa de cassação e finalmente uma nova crise financeira. Há grande chance da situação se normalizar no próximo ano, possibilitando que o prefeito consiga cumprir grande parte do seu ousado plano de governo. No entanto, vê-se que algumas coisas ele não conseguirá fazer. Quando falo do tal cobertor curto, me baseio também em situações que presencio todos os dias. Uma prefeitura como a de João Monlevade tem uma complexidade maior. Por isso, as demandas da sociedade também são maiores. O prefeito fica as voltas com problemas que vem das secretarias. E dá-lhe secretaria de esportes querendo verbas, a recém criada de Meio-Ambiente também. Tem a saúde, o tempo inteiro pressionada pelo povo, a educação e obras que também consomem muito dinheiro. Cada secretário chega com seu pires na mão pra ver se arruma algum dinheiro para pagar pelo menos o básico. Mas aí é que vem o drama. O cobertor é curto. Os prefeitos com jeito, vão levando na conversa e nem todos verão a cor do dinheiro. No que diz respeito a Alvinópolis, creio que não é diferente. Imagino que o Galo deve estar passando um baita aperto para virar o ano com astral pra cima. Não sei se vai conseguir pagar o 13° e virar o ano em lua de mel com os funcionários. De qualquer maneira, continuo confiando e muito no Galo Indio. Assim como em Monlevade e em diversas cidades, os dois primeiros anos foram muito difíceis e só no terceiro e quarto ano será possível colher o que foi plantado. Falo isso não como desculpa, mas como desabafo de uma pessoa que está assistindo a tudo de dentro. Tem sido um aprendizado doloroso. Principalmente pela forma como parte da mídia age, sem ética, sem escrúpulos, sem consciência de seu papel enquanto quarto poder. Só para concluir, devo dizer a cada dia, estou desistindo da utopia de querer mudar o mundo. Posso mudar apenas a mim e olhe lá. Um forte abraço a todos.

domingo, 14 de novembro de 2010

NÃO SEI VOCÊS...EU NÃO SOU DA ROÇA!

Meus conterrãneos. A essa altura do campeonato, já criei casco o suficiente para levar porradas á vontade e continuar de pé. Meu queixo já não é de vidro, petrificou. Sobre essa questão de ser ou não da roça, em princípio até cheguei a pensar que estava me equivocando, mas hoje vejo que não. Impossível negarmos que Alvinópolis é uma cidade cercada de roça por todos os lados, mas nem por isso é roça apenas. Discordo disso e ninguém vai me convencer do contrário. Eu, particularmente, como vários outros Alvinopolenses, sou nascido no núcleo populacional, na cidade que me forneceu todas as referências que tenho. Depois sai pelo mundo buscando novos horizontes, conhecendo outros sotaques, outros tempêros, mas Alvinópolis é a minha referência sem dúvida nenhuma. Não me considero da roça pelo simples fato de nunca ter sido um morador do campo, de não saber nem ordenhar uma vaca, de nunca ter arado uma terra ou buscado cavalo no pasto. Sei que sou uma anomalia na minha região, mas o que posso fazer? Essa é a minha realidade. Acredito que é de outras pessoas também. Na questão que gerou tanta polêmica, talvez eu tenha errado em tomar as dores de uma cidade que não padece da mesma dor. Como bem disse o amigo Gomes em seu blog, deveríamos nos orgulhar das nossas origens rurais, de fazermos parte do chamado cinturão verde que abastece as cidades que vivem do minério como Barão, Catas Altas, Itabira e hoje São Gonçalo e as que vivem da siderurgia, como João Monlevade, Ipatinga e Acesita. O Gomes tem toda razão. O fato é ótimo para a nossa população. Trata-se de uma indústria que não polui, não gera grandes intervenções em nossas terras e não causa um grande surto populacional. Esse reconhecimento também tenho. Porém incomodou-me sim quando caçoaram da nossa terra, insinuando que em nossa cidade bois e outras criações andam soltos pelas ruas. O que posso fazer? Sou humano e meu sangue subiu. Alvinópolis é minha pátria amada, mãe nem sempre gentil, mas minha pátria. Só pra encerrar o assunto, Alvinópolis é mais roça que cidade, já que provavelmente 90% do nosso território é ocupado por pastagens e propriedades rurais, mas eu não me considero roça, simplesmente por ser citadino, filho de dona de cartório com contador da prefeitura. A partir de agora, só tomarei o cuidado para não ficar tentando defender uma bandeira que não é minha, mas que também não é de ninguém. Alvinópolis é roça, é cidade e o que dela fizermos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

EM ALVINÓPOLIS, NINGUÉM MORRE..

Em Alvinópolis ninguém morre. Somos todos plantados no sagrado cemitério de bambu e continuamos vivos nas atitudes dos nossos descendentes. Minha avó Maria está comigo. Sempre que me deparo com alguma encruzilhada, ela ergue-se no mais profundo do meu ser e me aponta o caminho correto. Sempre que topo com algum desafio, meu avô Dominguim me socorre com seu espírito anarquista italiano e sua generosidade. Sempre que me relaciono com as pessoas, minha mãe Dona Neusa me belisca e sopra: trate as pessoas com cortesia, Marcos. Eis a chave que abre os corações. Sempre que leio um bom livro, o faço por influência do sr Jaime Barcelos que me diz: um bom livro nos vale para uma vida inteira. Meus tios Babucho e Tutúia também falam alto dentro de mim e cantam e tocam comigo sempre que pego o violão. Falam também dentro de mim amigos de recentes passagens, como do Nô de Sô Nico, Adairinho, como Tuôla e tantos outros, todos plantados em nosso sagrado solo, sementes que germinam em nós para todo o sempre.