segunda-feira, 7 de maio de 2012

AS RELAÇÕES AZEDAM


Complicadas as relações humanas.Quantas vezes fazemos amigos, nos encantamos com suas qualidades, nos irmanamos, relevamos os defeitos para usufruir das companhias. Neste interim defendemos esses amigos de todas as línguas malditas, entramos na frente de tiros, fazemos de tudo por essas amizades. Isso acontece também nos romances. A pessoa amada é perfeita, sem máculas, digna de adoração. Mas o tempo desvela tudo e nada resiste à ferrugem da rotina. Dos amigos, enxergamos as mesquinharias, a hipocrisia, os interesses, que são inerentes ao ser humano...e até a nós mesmos ( ninguém quer enxergar as próprias imperfeições). O que era encantamento, vira desencanto. O que era lealdade, conveniência. O que era defesa, vira ataque pelas costas. O que era amor, vira ódio, rancor, calúnia, julgamento sumário sem direito à defesa. A certa altura da vida, sobram poucos amigos.Já dizia Cristo que os amigos mais leais o trairiam e o fizeram. O salve-se quem puder é a lei da selva. Quanto ao amor a dois, a mesma coisa. Os defeitos, as fraquezas, as desencompatibilidades criam labirintos, muros, precipícios. A resignação dos antigos caiu em desuso. O amor familiar existe e é uma fortaleza, um refúgio que poucos conseguem preservar. Os amigos leais, são bem poucos. Com boa vontade dá pra contar nos dedos...do Lula. Nem adianta nos indignarmos, pois são leis universais que acontecem nos círculos das relações. É natural que tudo nasça, ganhe em frescor, em doçura e depois azede e finalmente apodreça pra gerar mais vida lá na frente. Triste madurar com essas constatações, mas imperativo será repensar o mundo a partir dessa visão, afinal não há outro jeito. É dar uma embrutecida no coração e Adeus às ilusões. Como dizia Renato Russo. É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, pois na verdade não há. Que solidão medonha essa vida!


2 comentários:

Anônimo disse...

"Pois aquele garoto que iria mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro":
Demonstração clara de impotência, frustração e covardia, sem tomar partido e sem se posicionar (coisa que Cazuza nunca fez), logo a seguir, ele fuzilou a burguesia, os políticos, a sociedade e chegou a escrever “eu sou burguês mas eu sou artista”, “o bom burguês é bom operário”, portanto, aqui Cazuza faz uma piada consigo mesmo, como quem diz: “estou em cima do muro, pois não tenho o que fazer nesse momento, mas me aguardem”. E aiiii... Tambem fui assim..E hoje. Sinto o gosto do poder, como Vc..

Marcos Martino disse...

Sua interpretação do Cazuza pra mim tá equivocada. O sentido é outro. Na letra Ideologia ele falava era sobre o desencanto com os sistemas políticos criados Ele já estava numa fase terminal por causa da AIDS e embora tivesse seus ímpetos revolucionários, era de procedência rica. As letras dessa época reproduziam o desencanto e a impotência diante da morte eminente. Reduzir a letra a sua significação política apenas talvez seja empobrecê-la. Mas aqui, pela argumentação, dá pra imaginar de quem se trata. Achei engraçado falar de covardia permanecendo no anonimato. Se for quem eu penso, não precisava mesmo. Quanto a você, que diz sentir o gosto do poder, parabéns. Quanto a mim, sou um nada.