quarta-feira, 25 de julho de 2012

MADE IN ALVINÓPOLIS




Desde pequeno ouço dizer que em Fonseca tem minério, que será uma reserva para daqui há alguns anos.  Já ouvi contar também histórias mirabolantes, de que lá em alguns locais, emana um cheiro forte de querosene. Se considerarmos  a proximidade com Santa Bárbara,Catas Altas e São Gonçalo, cidades eminentemente mineradores, temos razões até pra suspeitar que sobrou um pouco para Alvinópolis. Aliás, bom que se diga, todo dia descobrem novas minas nessas cidades, crescendo o fundo de participação desses municípios e consequentemente o PIB e o IDH. Em Santa Bárbara, pelo que me informaram, por causa de novos veios de exploração, a arrecadação vai triplicar no próximo ano. Essas cidades, que já compuseram o circuito do ouro, hoje compõem o circuito do minério e estão cada vez mais ricas. E Alvinópolis? Bom, Alvinópolis não tem ouro, não tem minério, mas tem terras férteis. Nós não tiramos minério da terra. Nós tiramos feijão, mandioca, milho, eucalipto, hortaliças. Se recorrermos a história, perceberemos que as coisas não mudaram tanto. Na época da exploração do ouro, enquanto as cidades circundantes cavucavam ou bateiavam em busco do metal dourado, Alvinópolis abastecia as cidades de viveres, abastecia as tropas que passavam, alimentava a Capitania das Minas Gerais. Ai fico pensando em nossas vocações  naturais. Cidades como Alvinópolis, Dom Silvério, São Domingos do Prata, Dionísio, Goiabal e Sem Peixe tem isso em comum. Aparentemente, localizam-se próximos dos vizinhos ricos e tem índices de desenvolvimento muito inferiores. Pra muitos, dá um desânimo ver os municípios próximos só crescendo, enquanto os citados tem populações que vem diminuindo com os anos e poucas realizações de vulto.  Quando digo aparentemente, o faço por ser a agropecuária uma atividade perene, enquanto o minério vai acabar um dia. Nossas cidades anseiam por desenvolver-se mais, porém, não conseguiram configurar cenários favoráveis. Cidades como Patos de Minas, por exemplo, conseguiram se tornar polos, tendo a agropecuária como principal atividade. Mas para isso, tem algumas condições favoráveis. Tem terras férteis, muitos terrenos planos, foram ousados no sentido de industrializar, mecanizar sua agropecuária com o que existe de mais sofisticado. Nossa situação é um pouco diferente, pois embora tenhamos uma agropecuária forte, temos um relevo predominantemente montanhoso e pouca infraestrutura de escoamento do que se produz. Além do mais, não temos industrias de beneficiamento, que gerem produtos com poder agregado. Temos a Cia Fabril Mascarenhas, que há séculos produz tecidos. Temos a Bio Extratus que produz shampoos e cosméticos naturais. Em São Domingos do Prata tem os Produtos Anchieta, que simplesmente industrializa o que é produzido por lá e coloca no mercado. É uma marca forte e de excelente saída. Talvez os temperos Dona Zita seja uma empresa que se aproxima dessa visão. to não sei até que ponto utiliza insumos locais.  Algumas perguntas pra finalizar o texto. Não estaria na hora de retornarmos com nossa Exposição agropecuária e Industrial, como uma forma não apenas de levar lazer à população, mas de criarmos seminários, discussões sobre como tornar a nossa vocação (agropecuária) cada vez mais forte? Não estaria na hora dos empreendedores, de alguns visionários pensarem na criação de uma industrial local que beneficie, estude, crie embalagens e venda o que produzimos de melhor, com selo made in Alvinópolis?