quinta-feira, 30 de abril de 2009

AS SERENATAS EM ALVINÓPOLIS


O cenário ideal eram as noites de frio, com serração de cortar com faca.

Os que tinham namoradas, levavam as amadas em casa primeiro e depois iam pra baixada encontrar com o resto do pessoal.

Enquanto esperamos chegar a hora da serenata, ficávamos na praça tomando uns “bravos” e observando os bêbados e lunáticos que sempre habitaram nossas noites.

Tínhamos de esperar passar pelo menos de 1 da manhã para sairmos.

Sempre tinha alguém que estava apaixonado e vinha com encomenda: - Vamos tocar na janela da fulana. Ela falou que iria deixar uma garrafa de vinho pra gente.

As meninas, já sabendo que iríamos fazer serenatas em suas casas, combinavam de dormir umas nas casas das outras. Algumas mais ousadas, costumavam até abrir as janelas e aparecer com suas belas camisolas, mandando beijinhos pro seu amado que estava na serenata com a gente.

Era impressionante a via sacra que fazíamos.

Muitas vezes, começávamos no Souza e terminávamos na Rua São José.

Fazíamos entre 10 e 15 serenatas por noite, além de sairmos tocando pelas ruas .

O silêncio era deliciosamente invadido pelos nossos violões e vozes juvenis.

Acontecia também de passarmos na Padaria pra pegarmos um pão quentinho de manhãzinha. Outro local obrigatório era a casa de Mariângela e Repolês. Quando íamos fazer serenata lá, eles abriam a casa, chamavam a gente pra dentro e abriam as garrafas do que tivessem, fora o tira gosto de primeira. . Uma vez tomei uma cachaça peruana lá que fiquei de ressaca 3 dias. Casal mais gente boa, impossível.

O problema é que nossas serenatas estavam ficando muito concorridas.

Chegou um ponto em que juntavam até 40 pessoas e ficava muito complicado.

Além do mais, os bêbados e os desafinados eram os que cantavam mais alto, atrapalhando tudo.

Tivemos de adotar o artifício de fingir que íamos embora pra casa, deixando os violões escondidos na casa de alguém. Aí, saiamos num grupo menor, só a nata.

Muitas vezes, a polícia também ficava na nossa cola. Uma vez, fizeram uma emboscada e nos cercaram na praça Bias Fortes. Um dos guardas até ameaçou quebrar meu violão. Tive de argumentar com o guarda, dizendo que cantávamos baixinho e que a gente tinha avisado para as meninas, que não perturbaríamos ninguém. Ele nos avisou que fossemos embora e não mais fizéssemos serenata, pois estávamos perturbando a ordem. Essa passagem acabou até virando uma canção.

Muitas coisas engraçadas aconteciam também. Como o dia em que Ricardão e Ronaldinho, pra lá de Bagdá, levaram o maior tombo subindo a avenida. Os dois se machucaram de sangrar, mas a garrafa de vodka e os copos que levavam ficaram intactos.

Não dá pra esquecer também os lanches que as meninas deixavam pra gente, churrasquinhos, espetinhos, kibes, vinhos e cachaças.

Engraçado que certa vez uma menina de BH nos falou: não sei que graça vocês vêem em sair num frio danado tocando para as meninas que estão em seus quartos, quentinhas debaixo do cobertor. Falta de conhecimento histórico da menina. Os homens desde sempre tiveram de adotar milhares de estratagemas românticos para lhes fazer a corte e as serenatas, talvez sejam das formas mais doces de se declarar amor.

Esses casos todos viraram canções e as reuni num CD chamado SERENATA.

No ano passado, cheguei até a lançá-lo em Alvinópolis, mas os ventos sopraram para outros lados e acabei nem fazendo show de lançamento desse CD. Quem sabe a hora seja agora ?

A Mônica Cris, conhecida por muitos como Mônica do Jazz, por outros como Mônica de Maurício, minha amiga de muitos e muitos anos, me sugeriu uma coisa muito interessante:  fazer um show e sair depois por uma serenata pelas ruas da cidade. Uma idéia pra lá de boa, como a maioria das idéias da Multimônica. 

terça-feira, 28 de abril de 2009

QUEM SABE ?

Sempre me aguçou a curiosidade saber o porquê do nome das coisas.

Por exemplo: quem mora na rua de cima e sobe a ladeira dos italianos a pé no tempo de frio, vindo da baixada, já reparou que a temperatura vai aumentando à medida que a gente vai subindo para a parte mais alta. O calor atinge seu ponto mais alto sabe aonde? Na rua do fogo. Deve ser por isso que a rua tem esse "apelido".

Nosso amigo Heber Prímola até já nos contou que o povoado do Gravatá tem esse nome, por causa de uma espécie de planta, da familia dos abacaxis que dá flores muito bonitas e que era abundante na região.

Porém alguns nomes da nossa região são indecifráveis, se perderam no tempo ou tem explicações que ainda nos desafiam.

Garanjanga, Quenta-Sol, Pimenta, Quati, Cangaiêro, Dumbá, Mumbaça, Zamparina, Contendas, Barra do S, Dias, Caxambu, Grijó, são nomes que falamos ou ouvimos falar...mas...afinal de contas, qual é a história desses nomes?

Taí um exercício de antropologia, semiologia e curiosologia.

Quem souber, por favor, sacie a curiosidade desse ignorante.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

CONTABILIDADE DESUMANA


      Fico imaginando como devem estar se sentindo pessoas como Tatim, Ênio, Toquim, Paulo Andrade, Luciano, Zé de Quincas, Márcio de Muado, grandes experts das técnicas contábeis. Alguns deles, responsáveis pela transmissão dos conhecimentos, outros que abraçaram a profissão e que devem a sua formação primordial ao curso de contabilidade do Colégio Cândido Gomes. Se eu que me formei contador e não segui a carreira fiquei bastante chateado, imagino essas pessoas.

        A impressão que se tem é que alguns burocratas sentados em suas salas com ar condicionado, com apenas um click em seus computadores, estão deletando um século de cultura contábil, sacando mais uma das suas idéias geniais, mais um modismo estabelecido à partir de interesses obscuros, como quase tudo que se faz nesse país. Para esses tecnocratas, pessoas são apenas dados estatísticos numa planilha qualquer. É preciso lembrá-los de que existem pessoas de carne, osso e sentimentos na outra ponta. A contabilidade que propõem é desumana.

        Por outro lado, não podemos ser presunçosos, julgando as situações à partir de informações insuficientes, mas é que ate agora as explicações dadas não satisfazem. Dizem que foi uma diretiva governamental que pretende acabar com os cursos profissionalizantes nas escolas públicas, para que o ensino estatal se ocupe do básico.

        De qualquer maneira, tô achando que nosso pessoal, principalmente os nossos jovens estão aceitando tudo muito passivamente. Tá faltando a gente gritar, apitar, rasgar as roupas, incendiar pneus, fazer greve de fome, espernear,interditar rodovias, explodir alguma coisa, sei lá...fazer alguma coisa para lembrá-los que a gente tem sangue e merece respeito. 

domingo, 19 de abril de 2009

GUSTAVO X OBREGON


Não me lembro exatamente o ano, mas lembro-me de ter sido um acontecimento ímpar em Alvinópolis.

Me perdoem o lapso de memória, mas me fogem alguns detalhes.

Sei que corria na cidade o boato de que o grande criminalista Obregon Gonçalves iria a Alvinópolis para um júri, para defender uma pessoa.

Eu vivia muito o ambiente forense, afinal, minha mãe trabalhava no fórum.                 

Adorava filmes de júris, gostava de ver os grandes oradores em ação e estava doido para ver o grande Obregon em ação.

Diziam que ele tinha um problema de nascença, que não tinha as mãos, mas que Deus havia lhe compensando essa deficiência  dotando-lhe de inteligência acima da média.

Pois bem! O júri foi marcado e faltava saber quem seria o advogado que iria enfrentar aquela fera.

Quando foi anunciado o advogado que iria enfrentá-lo no tribunal, confesso que fiquei com pena do sujeito: seria o Gustavo Correa Neto, até pouco tempo, fotógrafo da cidade, um jovem reconhecidamente inteligente, mas recém-formado e sem experiência de júri.

Aliás, importante dizer que o Gustavo era para mim uma referência na rua de cima, tinha seu laboratório de fotos perto da casa de sua mãe e teve uma coisa boba que me marcou naquela época. Eu estava estudando caligrafia na época, aprendendo a escrever em letra cursiva. Fiquei muito surpreendido quando certa vez fui ao laboratório do Gustavo e vi várias coisas que ele havia escrito, só que em letra de forma, tudo com muito capricho. A partir daí, também fiquei rebelde e resolvi  escrever em letra de forma. Na escola, escrevia em letra cursiva pra não levar xingo dos professores, mas em minhas coisas pessoais, passei a escrever em caixa alta e assim faço até hoje.

Mas voltando ao grande júri, chegou o grande dia.

O fórum estava em polvorosa, todo mundo muito bem vestido, um clima pesado no ar e para muitos, a certeza de que o Obregon iria trucidar o Gustavo.

Eu confesso que também pensava assim, não que o Gustavo não fosse inteligente, mas era Davi contra Golias e era proibido usar bodoque no tribunal.

Quando chegou a hora do tribunal, tudo muito formal, as pessoas em suas indumentárias e pude enfim ver a figura do Obregon chegando. Realmente, ele tinha aquele problema que por incrível que pareça, realçava a sua personalidade.

Todos a postos, o escrivão, o juiz com sua cara de Deus, todos muito sérios e solenes.

De repente o juiz bateu seu martelo e abriu o tribunal.

Daí, pude enfim ver o grande jurista falando. Obregon  se expressava com tal teatralidade que hipnotizava a todos. Hora usava de ironia, noutra de sentimentalismo e ia envolvendo os jurados, que em todo momento assentiam com a cabeça.

Eu também estava paralisado.

Quando terminou, o povo só não aplaudiu, porque não podia quebrar o protocolo.

Mas eis que faltava o Davi, ou seja, o Gustavo falar.

Ele começou meio nervoso, algumas palavras tropeçavam, mas eis que começou a se entusiasmar, foi tomado pela verdade, foi ganhando confiança,  deixou fluir a inteligência que tinha de sobra e conseguiu o que todos duvidavam: foi mais convincente que o magnífico Obregon Gonçalves.

Naquele momento deu um baita orgulho de ser Alvinopolense.

Obregon tentou se justificar dizendo que aquela era uma causa impossível. Mas como, se aquele era o homem das causas impossíveis?

Fiquei doido pra dar um abraço no Gustavo, mas deixei pra lá.

Ele era um gigante e eu apenas um meninote.

Depois disso, o destino ainda me levou a ter o meu primeiro emprego, aos 14 anos, no escritório de advocacia que pertencia a ele, Repolês, Tatim e Lalado.

Gustavo ainda foi pioneiro na rua de cima, sendoi a primeira pessoa em Alvinópolis a ter uma TV a cores. Lembro-me da turma subindo com um rolo de fios pelo pasto a fora, pra instalar a antena e pegar a revolucionária TV colorida.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Nick's bar, três gerações de sucesso...


        Há alguns anos atrás, havia um bar na baixada chamado Santa Rita. O bar pertencia a um simpático Sr. conhecido como Seu Nico e era referência na praça, dada a simpatia do seu dono e o amor com que conduzia seu estabelecimento. 

                Só que a história daquele bar tão aconchegante tomou outro rumo à medida que os filhos do Sr Nico foram crescendo e tomando gosto pela coisa. Eles sempre foram muito trabalhadores e foram promovendo mudanças pontuais, a começar pelo nome do bar que passou a se chamar Nick's Bar, em homenagem ao pai fundador.

                Os fatores responsáveis pelo sucesso do Nick's dos primeiros tempos foram a decoração de muito bom gosto, o atendimento diferenciado e principalmente a música. Nô era um grande apreciador do que de melhor se produzia musicalmente no país naquele momento. No Nick's era proibido ouvir música ruim. Por ali a gente ouvia Egberto Gismonti, Fagner, Caetano, Zé Ramalho, Ednardo, Beto Guedes, Lô Borges, Belchior, Hermeto Pascoal, Banda de Pau e Corda, Quinteto Violado, Sá e Guarabyra, 14 Bis, Queen, Pink Floyd, Led Zepellin, só música de grande qualidade. Devo muito da minha formação musical ao Nô de Sô Nico.

                Naquela época, viajamos por várias cidades do estado com o Verde Terra e não encontramos nada similar ao Nick's. Tínhamos até orgulho de encher o peito e dizer: -na nossa região não tem um barzinho que chegue aos pés do Nick's. Até em Belo Horizonte era difícil encontrar um barzinho tão cultural e com tão excelente atendimento. A influência do Nick's era uma coisa tão séria que muitas vezes ficou inviável fazer eventos em outros locais, pois a "gravidade" daquele lugar parece que segurava as pessoas. A atração do bar e da praça eram tão fortes e as pessoas ficaram tão acostumadas a frequentar suas cercanias, que se numa noite a população ficar totalmente sem luz, mesmo no escuro vai caminhar automaticamente para a porta do Nick's.

                Nos aureos tempos, passamos toda uma juventude sendo influenciados pela cultura que passava pelo bar. Lembro-me de ter participado de campeonatos de xadrez, buraco, de muitas noites de viola com o Verde Terra, de ter namorado muito, de ter visto shows, de ter tomado muitos bravos, bebida vulcânica criada pelo Celsim de Campeão, enfim, o Nick's foi cenário de grande parte de minha vida e da minha juventude.  

                Impossível esquecer do Nô, um dos baixinhos mais enfezados que já vi, capaz de enfrentar um urso no tapa se estivesse perturbando os clientes no bar, da Ana, dona de um bom gosto sem par, do seu marido Marquinho, que já falava de desenvolvimento sustentado antes de qualquer um falar no assunto, do seu Nico e Dona Mirtes, sempre amáveis, da Taninha, da Vaninha e dos garçons, também educados como seus patrões.

                Hoje o Nick's é também restaurante e pizzaria, mas perdeu parte do seu glamour. Não que não esteja arrumadinho e bem cuidado. As novas gerações é que não querer mais saber de boas músicas, preferindo os sertanejos, funks e axés da vida. O Nick's teve de ceder, até por uma questão de sobrevivência.

                A família chegou até a arrendar o bar, imagino que um tanto decepcionada com a dureza dos novos tempos, com a concorrência que aumentou consideravelmente e mesmo por cansaço, por tantos anos de trabalho duro e muitas vezes não reconhecido .

                À  terceira geração caberá a tarefa de pensar o Nick's do futuro, de quem sabe resgatar a vanguarda, a aura cultural,  sempre com a supervisão do pequeno grande Nô e da holística Ana, além do Sô Nico, que olha por todos lá de cima. 

         

quarta-feira, 8 de abril de 2009

O CAMPIM DA RUA DE CIMA



Mais uma vez a minha filha sem querer, me levou para uma viagem no tempo.
 

Ao chegar em casa tristinha, reclamando que algumas crianças mais velhas haviam ameaçado a ela e a uma coleguinha na escola, me fez lembrar meus tempos de craque no antigo campim da rua de cima, onde se localiza hoje a garagem da Lopes e Filhos.

 

A atividade no campinho começava mais ou menos por volta das 7 da manhã, quando já havia uma fogueirinha acesa e a turma já começava a chegar para a primeira grande peleja do dia. Nessa hora é que os mais novos conseguiam jogar, pois mais ou menos as 9 os mais velhos chegavam e botavam os pirralhos para correr.

O único que desafiava os gigantões era Reinaldo, irmão de Ricardão e Carlinhos Gipão, pois embora mais novo, era avantajado e não tinha medo de ninguém. 

Quando ameaçavam tirá-lo ele gritava:

- Ah é? Se eu não jogar, levo as traves de bambu, pois fui eu quem colocou.

E ninguém ousava desafiá-lo.

A turminha nova só tinha chance de novo a partir das 13 horas, com sol de rachar mamona, pois as 15 o campinho voltava a virar terra de gigantes.

 

Pelo campinho passaram craques memoráveis, como o Travolta da rua de cima Silvinho de Castivilla, o grande Chitão, que era um becão e seu irmão Bené, Paulinho de Ambrosina com seu canhão, Tom João que era tipo uma nuvem passageira, suando, molhando todo mundo  e fazendo muitos gols, Manoel de Jaime, também conhecido como Pastel Venenoso, Carlinhos Gipão, com seu potente chute de bicuda, Fernando Taioba, Zinho, Geraldim Pistolinha, Marcelo Xuxa, Ricardão, Amarildo, Ronaldim, Nicolauzim de Vivina, Luiz de Pintacuda ,Gustavo, Piorra, Zé Meié, Totone, entre outros...isso no meu tempo.

 

Lembro-me de casos engraçados.

Teve uma vez que o time da Rua Nova veio jogar como convidado. Primeiro tempo o time da rua de cima ganhava de um a zero. No intervalo, Luiz de Pintacuda distribuiu Kisuco para o seu time. O time adversário ficou revoltado e virou o jogo no segundo tempo.

Numa outra vez, o time da rua nova voltou para nova partida.

Havia um troféu em disputa.

Desta vez, perderam de 2x1, mas fugiram e levaram o troféu, que nunca mais foi visto.

 

Engraçado também era o fim das peladas.

Lá pelas 5 da tarde, Dona Ambrosina gritava – Tão João, tá na hora. Vem bora pra ir pra aula, minino!

 

E Tão João respondia:

- Já vô mãe!

 

Só que o jávô mãe durava até lá pelas 6 da tarde, quando ninguém mais via a bola, pois já não havia luz. Nesse instante, alguém chutava a bola no esgoto que ficava no fundo das casas. Só se ouvia o baque da bola batendo no rego cheio de rejeitos humanos e um por um ia gritando:

- Parei!

 

E a bola sobrava para o seu dono buscar, geralmente Manoel de Jaime que tinha melhor situação financeira e sempre tinha uma bola de capota nova.

 

Uma coisa engraçada aconteceu também comigo.

Certa vez, a bola caiu no mato, perto da casa de Loló e fui buscar. Quando fui pisar num monte bambus pra passar e pegar a bola, um desses bambus pontudo foi projetado e perfurou a minha perna. Peguei a bola e sai para o campinho com aquele bambu ainda agarrado na panturrilha. Quando cheguei com a bola, mostrei pra turma e falei que iria parar, pois estava doendo e tinha um estrepe grande.

Só que como ia desfalcar o time, alguém ironizou, dizendo:

- Ann, muiezinha!

Eu falei:

- Muiezinha não, tá.

Trinquei os dentes, peguei o pedaço de bambu que estava ainda agarrado e puxei com força.

Doeu pra caramba, mas agüentei firme.

Voltei a jogar, pois ser chamado de muiezinha era uma coisa inaceitável.

Como o ferimento foi profundo, o sangue jorrou com força e fiquei todo sujo, mas preferível a dor que ser chamado de muiezinha. Ainda carrego a cicatriz desse dia até hoje, um troféu para o resto da vida.

 

Legal também era tomar água na fonte de Loló em folhas de taioba e as coceiras que tínhamos por causa dos tombos em cima dos pés de cansanção.

Mas um dia, o campim teve de ceder lugar ao progresso, mais uma vez o lúdico cedendo lugar ao prático.

O campim não existe mais, a não ser em nossas privilegiadas memórias. Com o seu fim, encerrei também a minha gloriosa carreira no futebol.

Depois, ainda cheguei a tentar a sorte no Pinga Rato, onde Barbado reinava absoluto, mas já não tinha futebol suficiente. O campim da rua de cima ficou como mais uma página na vida de muitos de nós, sortudos por ter uma infância tão boa.

Ô saudade, meu Deus!

domingo, 5 de abril de 2009

JOÃO VITOR XAVIER É O FUTURO


Há alguns dias atrás fui a Alvinópolis para um encontro com o prefeito João Galo Índio e fiquei sabendo que ele estava acompanhando João Vitor Xavier numa visita à rádio Alvimonte.

Pensei comigo: Uai, o que será que o João Vitor está fazendo em Alvinópolis?

Quando cheguei à prefeitura, o famoso radialista já havia ido embora, junto com seu fiel escudeiro Carlos Cervidanes e perdi a oportunidade de conhecê-los pessoalmente naquela oportunidade.

Galo Índio me contou que conhecia o João Vitor da época em que trabalhava na saúde em Belo Horizonte, que ele era de Caeté e que freqüentou muito Alvinópolis quando mais novo, pois era muito amigo do pessoal de Neder. A razão desta sua visita de cortesia, é que estava percorrendo algumas cidades, já preparando terreno para uma possível candidatura a deputado no próximo pleito.

No outro dia, retornei a Belo Horizonte e quando entrei na internet, Juninho do Alvinews apareceu na telinha. Costumamos conversar sempre pelo gtalk. Juninho me perguntou se eu teria alguém a indicar para uma nova entrevista para o site, já que estava na hora de entrarem novas matérias, novos artigos.  Perguntei o que achava de entrevistar o João Vitor Xavier, pra que ele contasse essa sua história de ter freqüentado a cidade, além do mais, tinha também uma bonita história de vida pra contar.

Juninho gostou da idéia e começamos a nos mobilizar.   O próprio prefeito Galo Índio se encarregou de agendar com o João Vitor e assim ficou marcada a entrevista para uma segunda feira, antes do  programa dele na rádio Itatiaia.

Como não poderia deixar de ser, partimos para o “ Novo pai dos burros”, o”São Google” para  pesquisarmos um pouco mais sobre a história do entrevistado. Ficamos surpresos quando ficamos sabendo que ele tinha apenas 26 anos de idade e já se encontrava num estágio em que muita gente com uma carreira inteira nem consegue chegar perto. Na Itatiaia ele se desdobra como repórter, cronista esportivo, apresentador e co-criador do programa Bastidores, uma das maiores audiências da grade da emissora.  

No dia marcado chegamos cedo e ficamos na portaria enquanto observávamos um desfile de estrelas da Itatigalo (nunca vi tanto atleticano por metro quadrado). Vimos passando o Lélio Gustavo, o Júnior Brasil (que nos disseram ser um ex cruzeirense), o Guilherme Gonzer e tive até oportunidade de me encontrar com Samuel Venâncio, um repórter da novíssima geração que tive a oportunidade de conhecer durante aulas práticas que fez na filmavídeo, quando ainda fazia jornalismo na Faculdade Universo. Enquanto aguardávamos, também tivemos a companhia do Nivaldo, "recepcionista" da rádio, um sujeito muito gente boa que nos contou várias curiosidades sobre a Rádio. Era um cruzeirense no meio de um mar de Atleticanos. (Cruzeirenses na Itatigalo dá pra se contar nos dedos).  

João Vitor chegou quase em cima da hora do programa e nos chamou para acompanhar a gravação do programa no estúdio. Teríamos de gravar nas brechas de tempo, pois o homem é ocupado demais e teria outro compromisso logo depois do programa (ser vereador de capital é mais pesado que ser prefeito em cidade do interior).

Na hora da entrevista a conversa rolou solta. João Vitor nos provou que realmente fez estágio em Alvinópolis em sua juventude, pois nos recebeu com grande hospitalidade, simplicidade e conhecimento de causa. Sua equipe de assessores também foi muito gentil e atenciosa. A impressão que ficou é a de que estávamos diante de uma personalidade marcante, um brilhante comunicador e um político em inicio de carreira com um futuro brilhante pela frente. Durante a entrevista, Juninho aproveitava para tirar algumas fotos para ilustrar o site. A última fotografia ele queria tirar abraçado ao João Vitor, com o símbolo da rádio ao fundo. Pediu a um dos assessores pra tirar. Na hora eu falei: - Peraí...também quero sair nessa foto. Sabe-se lá se não será ao lado de um futuro governador do estado?

No site www.alvinews.com.br, vocês poderão tanto ouvir a entrevista em audio, como ler a entrevista escrita. O interessante é que tem diferenças, pois na entrevista escrita entram coisas que foram ditas em off e não estão na gravação em áudio. Já na gravação em audio, tem também alguns detalhes que não estão na entrevista escrita.