segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ALMAS OBESAS

O tempo passa e vamos ganhando peso.

Acumulamos lixo em nós mesmos.

Capitalismo sórdido.

Obesidade mórbida.

Há os se sacrificam

e se autolapidam numa academia.

Há os se penitenciam

e resistem às tentações da gula.

Há os que têm têmpera e se disciplinam,

conseguindo vencer a si próprios.

E há também os que começam

mas depois admitem a fraqueza

e voltam a assaltar a geladeira.

Há os que se enganam,

que tomam café com adoçante

e comem feijoada todos os dias.

Difícil resistir às tentações.

Conheço poucos que conseguem.

Nossas almas também engordam.

Almas obesas não têm mobilidade.

Chega um tempo de nos alimentarmos

de idéias lights.

Mas como é difícil resistirmos

aos elogios, essas guloseimas.

Como é custoso evitarmos

as informações saturadas.

Como é complicado

nos livrarmos

dos ardis do ego.

Há os que se sacrificam,

e conseguem se despreender do orgulho

através da meditação.

Há os que se disciplinam,

e conseguem calar as tentações que gritam

os imperativos da publicidade.

Há os que se enganam

acendem uma vela pra Deus

e uma pira pra ostentação.

Difícil conseguir a iluminação.

Para muitos, só o brilho do ouro e da prata.

Conheço poucos que se importam.

A vaidade existe só para o corpo físico.

Quase ninguém quer ser gordo.

Para a matéria, existe a lipo.

Já para a alma, só mesmo o sacrifício.

Não tem moleza.

Emblemática a imagem do Buda

Corpo volumoso e alma leve.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A IDADE VIRTUAL

Ah essa net, universo paralelo
interagindo com o nosso.
Matrix mais próxima que imaginávamos.
Meu computador, um oráculo
como nenhum bruxo jamais sonhou.
Uma nave, como nem o capitão kirk ou spock
tiveram na enterprise.
Um mundo novo que nasce,
jamais imaginado por nenhum profeta.
As escolas terão de se repensar.
A arte, terá de se repensar.
Nada será como antes amanhã...
ou nesse instante, amanhã instantãneo.
Qualquer um tem o conhecimento que quiser.
É só consultar São Google,
santo onipresente dos novos tempos.
A comunicação está se transformando.
A informação,
migrando dos jornais para o twitter.
Pode ser a novilingua de George Orwell...
Maravilha e terror da idade virtual.
A mudança é a regra.
Não existe chão.
Não pisamos, flutuamos!
Não proseamos, interagimos.
A poesia virou instalação.
A música virou bit.
Se é bom ou se é ruim, não sei.
Nós que temos um pé no analógico
e outro no digital,
experimentamos os dois mundos.
Existe vida entre o zero e o um.
O que nos maravilha,
também amedronta.
Quantas vezes seguimos bêbados,
sem rumo,
por um labirinto
de sites, blogs, messengers, twitters
e outras ferramentas
que também são miragens.
Ficamos com medo de perder o trem,
o trem bala da história.
Não adianta, meus amigos.
o tempo avança solene
e nos deletará do mundo dos vivos.
Nossa esperança de imortalidade
está nos mecanismos de busca
da Yahoo ou da Google.

BONITAS POR NATUREZA

Essa eu ouvi de um amigo recente.
Ele me contou que já foi frequentador de Alvinópolis nas décadas de 50 e 60 e que a cidade tinha a fama de ter as mulheres mais bonitas da região.
Cidadão Itabirano, na época ele havia se mudado para Monlevade em busca de emprêgo.
Como Monlevade vivia uma grande efervecência em função do crescimento da Belgo Mineira, havia uma grande demanda de emprêgos e um grande êxodo de trabalhadores.
Só que com uma peculiaridade: só marmanjos que vinham de todas as partes.
Pois bem. Como já corria a fama de que Alvinópolis era terra de menina bonita dá pra imaginar a loucura né ?
Segundo esse meu amigo, não havia nenhum exagero no que diziam.
Os bailes em Alvinópolis eram os mais concorridos da região e pareciam jardins de tão floridos, com meninas lindas de todos os tipos, loiras, morenas, mulatas, falantes e bem humoradas.
Os carnavais em Alvinópolis então eram apaixonantes, pois as meninas, além de luzir com seus rostinhos de fadas, ainda deixavam à mostra a silhueta, com roupas mais à vontade.
Depois desse relato do meu amigo ele perguntou:- E aí, Alvinópolis continua tendo meninas tão lindas ?
Aí respondi sem pensar meia vez: - Rapaz...com certeza. Parece uma vocação natural da nossa cidade. Nós produzimos chita para o mundo inteiro, shampoos e cosméticos, produtos agropecuáros, mas principalmente, mulheres bonitas, graças a Deus. No nosso caso a miscigenação foi muito bem sucedida.
Aliás, posso dizer pelo que presenciei na minha geração e até pela atual.
Quem esteve no festival de música e na festa da chita, por exemplo, , pôde ter uma amostra do melhor da beleza de nossa gente, um povo bonito e saudável...ah...e logicamente com a soma dos visitantes, atraídos não só pela música, afinal, beleza atrai beleza.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

POLÍTICOS QUE SONHAM


Plano piloto de Brasilia-DF

Ai do prefeito, do administrador, do ser humano que não sonha.

Antes de toda construção, vem o sonho.

Gosto dos sonhadores, dos que fazem planos, que imaginam novos cenários, novas realizações, novas perspectivas.

Prefiro os que sonham com coisas até aparentemente difíceis de se realizar. (Já pensou se JK tivesse desistido?)

Tenho preguiça dos realistas, que antes de ouvir o relato de um projeto já têm um não na manga, prontos para desenganar, para destruir qualquer idéia que não sejam as suas. Eles quase sempre dizem: - não vi e não gostei. Não querem renovação de nada, querem que o mundo continue como está, preferem a inércia ao dinamismo.

Tudo bem que seja importante preservar nossas memórias materiais e imateriais, mas quem é conservador radical, acaba obsoleto, atropelado pela dinâmica da vida.

Há pouco tempo estive reunido com um político amigo. Em poucos minutos de conversa ele enumerou pelo menos uns 20 sonhos, projetos que gostaria de realizar em sua gestão. O problema é que político não pode sonhar, pois isso pode acabar gerando problemas pra ele. Quando sonha e expressa publicamente esses sonhos, fatalmente a oposição vai fazer uso político e interpretar esses sonhos como promessas.

Dizem que o poder modifica as pessoas e acredito que muda muita coisa mesmo. O sujeito tem de deixar de ser ele mesmo para encarnar um personagem, cumprir ritos, contrariar muitas vezes até a própria natureza. O político no fundo é um solitário, pois embora viva cercado de correligionários e do famoso cordão, pode compartilhar seus sonhos com pouquíssimas pessoas. Precisa ser cuidadoso com o que diz, pois um companheiro de hoje pode ser o inimigo de amanhã.

Os mais pragmáticos podem até dizer: no mundo objetivo só tem valor quem realiza! Além do mais, muitas vezes os políticos bem intencionados se perdem ao ouvir conselheiros do mal, que se instalam feito verme nos labirintos do poder e envolvem os políticos do bem com suas politicagens mesquinhas e com sedutoras propostas de corrupção.

Mas continuo insistindo que o antídoto contra esse veneno é o sonho.

O político que sonha, não sonha apenas para si, mas para muitos, sonhos grandes e pequenos, obras e ações que realmente melhorem a vida das pessoas.

Que os políticos sonhem mais...pois não realiza quem não sonha.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

BASTA FECHAR OS OLHOS E OLHAR PRA DENTRO


O Maniqueismo foi uma maneira que o mal inventou de passar a perna no bem, de misturar tudo, confundir as cabeças das pessoas.
Muitos dizem que bem e mal não existem, que funciona no universo a lógica do Yin e Yang, do mal no bem e do bem no mal.
Conversa fiada!
No fundo, todos temos a consciência de estarmos fazendo o mal quando o fazemos.Não venham me dizer que um estuprador, um assassino, um ladrão não saibam que estão praticando algo sórdido e repudiável.
Há quem diga que bem e mal são questões de pontos de vista, que os Alemães fizeram suas atrocidades por não terem consciência de que o que faziam era errado .
Há quem diga que existem os psicopatas, cuja anomalia mental possibilita ausências de escrúpulos e interdições, o que os licencia e confere poderes diabólicos para agir acima de todas as leis humanas.
Pobres de nós, honestos e frágeis nesse mundo (cafés pequenos, como diz o amigo Jovelino) Existem ainda os semi-psicopatas, que são até bons para a familia, mas carrascos para os outros. Podem ser carinhosos e atenciosos em casa, mas são capazes de mandar aniquilar milhares de pessoas em um segundo.
Tudo bem que haja distorções, frutos das diferenças culturais.
Para o Indiano é errado comer carne bovina.
Para nós é estranho comer carne de cobra ou cavalo, hábitos comuns na China.
A política também faz isso. O opositor é demonizado em nome dos interesses dos grupos.
O mal é o outro... o povo é o rebanho...por isso é tão comum os politicos usarem o termo "currais eleitorais".
A vida humana é um grande torno de almas. Grandes traumas podem construir grandes homens ou dar vida a demônios. Impossivel prever o desfecho dessa guerra eterna.
Existem sacerdotes do mal e do bem...e um dias as pessoas são chamadas a se tornar Jedys ou optar pelo lado negro da Força.
Há tanta injustiça, tantos crápulas prosperando, tantas nulidades no poder, que muitas vezes temos a impressão de que o mal triunfou.
Mas enquanto houver vida, há esperança.

O que me assusta é que o ser humano é capaz do mal supremo do suicídio e o que o homem faz individualmente, é capaz de fazer coletivamente também.
Mas o planeta é muito antigo e sabe-se lá quantas civilizações, quantas humanidades prosperaram e pereceram.
Me assombram os arsenais nucleares espalhados pelo planeta.
Talvez tenha mesmo de vir um novo apocalipse para recomeçarmos do zero.
No mercado, diversas empresas multi-religiosas vendem Deus.
Muitos pagam caro pelos milagres, buscando principalmente sucesso material.
Mal sabem que as posses são as causas de todos os sofrimentos.
Mal sabem que encontrar Deus é muito mais simples e totalmente gratúito.
Basta fechar os olhos e olhar pra dentro.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

CAMINHANDO PELAS RUAS DO FUTURO...


Da ultima vez que estive em Alvinópolis,tive a mágica oportunidade de caminhar sozinho pelas ruas da cidade.

Foi de madrugada, sem uma alma viva nas ruas, tendo a companhia dos fantasmas, gatos e cachorros vagabundos, sempre com a sensação de que Walter Galhardo estaria escondido atrás de um poste e que iria sacar de um revólver imaginário e me trucidar ali, no meio da rua.

Caminhando pelo monte,vi a praça da baixada envolta em neblina, não tão espessa como nos anos de minha juventude.

Descendo, cheguei à rua principal e continuei caminhando.

Passei em frente ao antes glorioso Alvinopolense de Tuôla, ao Ninho da Águia que também já dormia, até chegar à praça Bias Fortes, onde me sentei um pouco no banquinho.

Lembrei-me que na época em que comecei a sair de casa. Acontecia ali o movimento noturno da cidade. Os casais de namorados e os ainda não enamorados caminhavam circulando a praça. Os olhos das meninas faiscavam quando se encontravam com os dos rapazes pretendidos.

Depois, essa inocente caminhada romântica foi se transferindo para a praça São Sebastião, que acabou virando o ponto de encontro da cidade.

Levantei-me do banco da praça e fui em direção ao hospital.

Ali sim acontecia algum movimento, de uma pessoa que chegava enlouquecida com cólica de rim.

Continuei minha caminhada vagarosa e comecei a me despreender do passado e a reparar o quanto a arquitetura da cidade havia mudado.

Alguns prédios ainda mantinham o diálogo com a Alvinópolis de outrora, mas no geral, havia muitos edifícios, muitas vitrines, andares, olhares novos.

Subindo ainda mais em direção à casa da minha família, percebi que havia sinais de prosperidade na nova configuração da cidade. As pessoas haviam investido em suas casas e estavam melhorando de vida.

(As vias urbanas é que há anos merecem mais cuidados, problema sempre adiado pelos políticos da vez).

Reparando um pouco mais, percebi os mesmos sinais em outras casas, em outras ruas, na ruas novas que nasceram no Souza, nos bairros novos que praticamente uniram o monte à vila Manoel Puig e também à rua de cima, nas cercanias do cemitério.

Alvinópolis cresceu e muito. Duvido que tenhamos apenas 17.000 habitantes, como nos últimos censos.

Agora...recordar é viver...mas também é morrer.

Para nós que viemos de outro tempo, machuca um pouco quando vemos que algumas paisagens da nossa infância só existem na lembrança.

Saudades do campinho da rua de cima, do pinga rato, dos caminhos do monte onde costumávamos brincar, dos velhos casarões e até o frio de doer os ossos que fazia no mês de julho.

Mas a vida acontece é aqui e agora.

Abomino o discurso do “Antigamente é que era bom” e ainda pretendo caminhar muitas vezes pelas ruas desertas...não apenas pelas ruas do passado,mas pelas largas avenidas do futuro...

domingo, 9 de agosto de 2009

CINE TEATRO ESPAÇO MULTI USO EM ALVINÓPOLIS


Centro Cultural - Teatro em São Gonçalo do Rio Abaixo.

Á propósito da entrevista da cantora carioca Christina Paz, vencedora do nosso festival, fiquei pensando comigo - Puxa vida. Ela tem razão. Não temos um espaço capaz de comportar nossas produções culturais. A praça tem a vantagem de levar o artista aonde o povo está, mas o público fica com atenção dispersa e no caso de espetáculos mais elaborados, de conteúdos que exigam atenção, não consegue a devida concentração.
Se formos avaliar, o público mudou muito com o advento da televisão. As pessoas passaram a optar pelo entretenimento puro e simples, em detrimento dos chamados conteúdos culturais. Com isso, os cinemas e o teatro cairam em decadência.
Um espaço que fosse destinado apenas a cinema e a teatro, ficaria ocioso durante quase todo o ano e fatalmente cairia em desuso.
Mas e se esse espaço fosse multi-uso, onde pudéssemos levar mostras de cinema, teatro, shows musicais, exposições, solenidades como formaturas, seminários, cursos, festival de música, feiras literárias, etc ?
Cidades próximas como João Monlevade, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo tem projetos similares, com muito sucesso. O Centro cultural de São Gonçalo é modelo, um dos mais completos do estado.
O Centro cultural de Santa Bárbara até exagera no conceito multi-uso. De dia é câmera dos vereadores e à noite é cinema e teatro.
Cine teatro Vitória - em Santa Bárbara - MG

Já o Centro Educacional de Monlevade foi recentemente reformado e comporta 900 pessoas com todo conforto.

Centro Educacional de João Monlevade

Aí alguém pode argumentar: Ah...mas essas cidades citadas nadam em dinheiro.
Tudo bem, mas se saiu dinheiro para aquele malfadado ginásio coberto que nem foi construído, quem sabe não saia também para um Espaço Multiuso como o que proponho ?
Sei que a idéia é arrojada, que tem de ser feito um esforço gigantesco para realizar um projeto como este, mas como dizia Fernando Pessoa: "Tudo vale à pena quando a alma não é pequena".
Podemos não ter dinheiro sobrando, mas temos cultura para preencher um espaço como este, dotando a cidade de um moderno centro de artes capaz de dar suporte e multiplicar, difundir nossa maior riqueza que é a criatividade da nossa gente.

domingo, 2 de agosto de 2009

PETER PAN


Me recuso a ficar velho.
Quase não me olho no espelho.
Prefiro as fotos de anos atrás.
Gosto de rock e me atualizo.
Gosto da cultura jovem, da ousadia, da liberdade.
Tenho orkut, myspace, twitter, gmail, sou virtual também.
Vivo mais on-line que live.
Ainda sonho com um mundo melhor.
Olho pra frente e vejo um belo filme
Sou eu quem escrevo meu próprio roteiro.
Tenho tesão e não resignação.
Mais ficção do que realidade.
Mas eis que a moça, a linda balconista
com seu sorriso branco de isopor
Me diz: pois não, ao seu dispor, senhor...
senhor...senhor...senhor...senhor...
Naquele instante feito Dorian Gray
Senti meu rosto se desfigurando.
Cabelos, barba, pelos branquefeitos.
Dentes e ossos, pele carcomidos.
Senti-me um nada, ente invisivel
Ainda bem que só por um segundo.
Sinal sonoro do meu celular
chegou recado da terra do sempre.
me convocando pra nova missão.
Feito uma corda que pende do abismo.
Eis que o chamado resgata do limbo
O Peter pan, em mim ressuscitado.