O tempo passa e vamos ganhando peso.
Acumulamos lixo em nós mesmos.
Capitalismo sórdido.
Obesidade mórbida.
Há os se sacrificam
e se autolapidam numa academia.
Há os se penitenciam
e resistem às tentações da gula.
Há os que têm têmpera e se disciplinam,
conseguindo vencer a si próprios.
E há também os que começam
mas depois admitem a fraqueza
e voltam a assaltar a geladeira.
Há os que se enganam,
que tomam café com adoçante
e comem feijoada todos os dias.
Difícil resistir às tentações.
Conheço poucos que conseguem.
Nossas almas também engordam.
Almas obesas não têm mobilidade.
Chega um tempo de nos alimentarmos
de idéias lights.
Mas como é difícil resistirmos
aos elogios, essas guloseimas.
Como é custoso evitarmos
as informações saturadas.
Como é complicado
nos livrarmos
dos ardis do ego.
Há os que se sacrificam,
e conseguem se despreender do orgulho
através da meditação.
Há os que se disciplinam,
e conseguem calar as tentações que gritam
os imperativos da publicidade.
Há os que se enganam
acendem uma vela pra Deus
e uma pira pra ostentação.
Difícil conseguir a iluminação.
Para muitos, só o brilho do ouro e da prata.
Conheço poucos que se importam.
A vaidade existe só para o corpo físico.
Quase ninguém quer ser gordo.
Para a matéria, existe a lipo.
Já para a alma, só mesmo o sacrifício.
Não tem moleza.
Emblemática a imagem do Buda
Corpo volumoso e alma leve.