Faço parte hoje da administração de uma cidade próxima à nossa, um local que recebe gente de todas as cidades da região, portanto um caldeirão efervecente de idéias, de política, de sotaques.
Por um lado é considerada uma cidade grande, pois tem mais de 70.000 habitantes. Por outro lado trata-se de um dos menores municípios de Minas, com território pequeno. Porém, uma das coisas que as duas cidades e grande parte dos municípios tem em comum é o efeito cobertor curto. Vou explicar. Os prefeitos quando assumem as administrações chegam cheios de entusiasmo, querendo mostrar serviço, suplantando seus antecessores, fazendo tudo o que os outros não fizeram e mais alguma coisa. Algo de errado com isso? Não! Todos esperam mesmo que a nova administração arrebente, que as obras apareçam, que os melhores shows do país venham até a cidade. Só que a realidade que se apresenta é frustrante. Vejam o exemplo de João Monlevade. Há tanto por se fazer e a realidade é que o dinheiro arrecadado não é o suficiente. Pra complicar, houve a crise mundial de 2008 que refletiu em 2009, teve uma tentativa de cassação e finalmente uma nova crise financeira. Há grande chance da situação se normalizar no próximo ano, possibilitando que o prefeito consiga cumprir grande parte do seu ousado plano de governo. No entanto, vê-se que algumas coisas ele não conseguirá fazer. Quando falo do tal cobertor curto, me baseio também em situações que presencio todos os dias. Uma prefeitura como a de João Monlevade tem uma complexidade maior. Por isso, as demandas da sociedade também são maiores. O prefeito fica as voltas com problemas que vem das secretarias. E dá-lhe secretaria de esportes querendo verbas, a recém criada de Meio-Ambiente também. Tem a saúde, o tempo inteiro pressionada pelo povo, a educação e obras que também consomem muito dinheiro. Cada secretário chega com seu pires na mão pra ver se arruma algum dinheiro para pagar pelo menos o básico. Mas aí é que vem o drama. O cobertor é curto. Os prefeitos com jeito, vão levando na conversa e nem todos verão a cor do dinheiro. No que diz respeito a Alvinópolis, creio que não é diferente. Imagino que o Galo deve estar passando um baita aperto para virar o ano com astral pra cima. Não sei se vai conseguir pagar o 13° e virar o ano em lua de mel com os funcionários. De qualquer maneira, continuo confiando e muito no Galo Indio. Assim como em Monlevade e em diversas cidades, os dois primeiros anos foram muito difíceis e só no terceiro e quarto ano será possível colher o que foi plantado. Falo isso não como desculpa, mas como desabafo de uma pessoa que está assistindo a tudo de dentro. Tem sido um aprendizado doloroso. Principalmente pela forma como parte da mídia age, sem ética, sem escrúpulos, sem consciência de seu papel enquanto quarto poder. Só para concluir, devo dizer a cada dia, estou desistindo da utopia de querer mudar o mundo. Posso mudar apenas a mim e olhe lá. Um forte abraço a todos.