Há uma coisa curiosa sobre os últimos censos em Alvinópolis:
as amostragens vem apontando um sensível decréscimo populacional nas últimas décadas.
Um amigo questiona: - Mas como a
população pode estar caindo, se a cidade tem crescido tanto?
Olhando de forma superficial ele
parece ter razão.
As construções vem avançando em
áreas antes desabitadas e pelo menos fisicamente, parece que a cidade cresceu.
Mas e a população?
O que explica esse decréscimo
apontado em seguidos censos?
Temos de admitir que somos leigos
no assunto e que nossas observações são feitas a partir do senso comum.
Então, seria bom ouvirmos
opiniões de pessoas da área.
O meu amigo Bráulio, filho do
Jadir talvez nos explique isso melhor.
Num primeiro momento podemos
levantar algumas hipóteses.
A taxa de natalidade vem caindo.
Enquanto no passado as famílias
eram numerosas, com até 7 filhos, hoje os casais tem tido no máximo 3 filhos. Quer
dizer, em uma casa em que costumavam morar 10 pessoas, hoje moram 5.
Outro fator é que os jovens
mudam-se para estudar/trabalhar e geralmente não retornam.
A cidade não tem abundância de
empregos de modo a garantir a qualidade de vida para alguns cidadãos que
almejam mais para suas vidas.
Mas são apenas opiniões sem
lastro científico, só chutes mesmo.
Tem um fator que nos leva a crer
que não tivemos mesmo crescimento significativo: nosso cemitério é o mesmo há
um século, sem ampliação relevante e sem que outro fosse construído.
Mas por que a nossa população
diminuiu?
Ao contrário de algumas cidades
vizinhas, Alvinópolis não foi vocacionada para a mineração, nem teve um boom
econômico capaz de gerar uma grande afluência populacional.
No passado colonial, abastecíamos
as cidades da região com nossa produção agropecuária e se pensarmos bem,
continua sendo assim.Embora tenhamos uma indústria
têxtil e outra de cosméticos, a atividade agrícola continua sendo a nossa maior
geradora de riquezas.
Essa sensação de retração ou
estagnação econômica, por um lado reflete em baixa estima de alguns, ao ver
cidades como São Gonçalo, Nova Era, João Monlevade, Santa Bárbara e Barão de
cocais crescendo, enquanto nossa cidade parece regredir.
Por outro lado, as cidades
citadas tiveram seu crescimento atrelado à exploração mineral, primeiro o ouro,
depois o minério.
E quando o minério acabar?
Há relatos de locais que se
tornaram cidades fantasma por causa do final de algum ciclo econômico.
Santa
Bárbara teve uma experiência nesse sentido. Quando o ouro escasseou na região,
por volta do século XVIII, a cidade ficou abandonada.
Existem muitos boatos sobre a
existência de Minério em Fonseca, mas não sabemos se tratar de boato ou
realidade. Se for confirmado, poderá atrair
muito desenvolvimento para aquela região.
Enquanto isso não acontece,
Alvinópolis continuará com sua produção amparada na agropecuária, que vem de
fontes renováveis e sustentáveis.
Pra finalizar o artigo, vou
deixar uma reflexão: para que crescer?
Para aumentar a criminalidade?
Para gerar congestionamentos,
poluição, stress, crescimento desordenado, miséria e outras mazelas?
Talvez seja melhor que fique do
jeito que está mesmo.
Podiam pelo menos dar uma
ajeitadinha, deixar as ruas limpinhas, as praças bem cuidadas e muito verde em
torno.
Mas...crescimento demais poderia
representar a demolição do nosso cantinho do céu.