Não sei qual a razão, mas parece que o relógio de Alvinópolis anda muito mais devagar que nos outros lugares. Muitos podem até considerar essa característica como uma virtude que só tem as cidades do interior, onde as pessoas fazem tudo com calma, sem stress, sem correria. Não sei, mas acho que esse argumento acaba sendo uma desculpa para uma tendência à acomodação, à inércia, a dizermos que “ aqui é assim mesmo”, que não vale à pena esquentar a cabeça. Pode até ser. Nós que saímos de Alvinópolis, adentramos mesmo em comunidades onde a agilidade, onde o trabalho contínuo e eficiente é imperativo e causa do progresso dessas cidades. Por isso, temos dificuldades em entender a falta de pressa, a lentidão do nosso município. Conheço Alvinopolenses que moram fora, que acham que tem de ser assim mesmo, que Alvinópolis tem de ser uma espécie de cidade presépio ( quando ouço esse termo só me lembro de Rio Doce), uma cidade museu, escondida no meio da cadeia de montanhas, onde o progresso não chega, onde o povo é religioso, pacato e feliz. Aliás, algumas pessoas chegam a incomodar-se com o progresso, com pequenos sinais de crescimento, como as ruas que avançam pelas colinas, como as indústrias e empresas que se instalam, como tudo que agrida sua Alvinópolis idealizada da infância. Nós Alvinopolenses que estamos fora, muitas vezes somos mal interpretados em nossas visões. Muitos dizem que é muito fácil falarmos as coisas, já que não estamos em loco, vivenciando os problemas. Digo que é o contrário. Exatamente por estarmos fora é que temos condições de enxergar melhor. Também gostamos da tranqüilidade, do relevo, da cultura, de tudo que diz respeito à nossa cidade, mas um pouco de dinamismo não faz mal nenhum, muito pelo contrário. Por exemplo, nossa cidade vem sendo bombardeada na mídia regional por noticias sempre denegrindo a imagem do município. Por razões políticas que desconhecemos, um colunista que escreve para vários jornais vem movendo sistemática campanha contra a cidade. Nós não temos nenhuma mídia de combate capaz de difundir nossas noticias e de trabalhar a imagem da cidade de forma digna, de forma a valorizar as nossas coisas. Há alguns meses me foi dito que seria lançado um jornal na cidade e fiquei muito feliz com a notícia. Há alguns dias estive em Alvinópolis com o pessoal que estava fazendo o jornal e fiquei mais feliz ainda. Mas o danado do jornal não sai. O efeito tartaruga parece acometer a tudo que se faz em nossa terra. Outra coisa que não anda é o entendimento sobre a cultura em nosso município. Desde a época do festival, existe um impasse com relação à Fundação Casa de Cultura, com relação a quem será o novo presidente, já que a Mariângela era a presidente na gestão passada. Só que com a nova coalisão política, fazia-se mister eleger novo presidente. Inicialmente houve uma reunião, onde informalmente foi indicado o Ronilson Bada. Só que tudo que é feito de forma informal, sem quorum suficiente, acaba não tendo valor legal. Algumas iniciativas isoladas começaram a ser tomadas sem a anuência do presidente e não havia consenso sobre comando. Ronilson não se sentiu confortável com a situação e não poderia ser diferente. Concluiu-se então que por existirem claras divisões políticas entre os grupos que apóiam o prefeito, deveria ser encontrado um nome neutro, capaz de unir ou de pelo menos não causar essa cisão. O prefeito concordou e prometeu tomar uma atitude à respeito, mas o efeito tartaruga tratou de agir de novo e as coisas vão se arrastando, não se resolvem e a cultura acaba paralisada, na inércia. Esses foram exemplos práticos, mas o efeito tartaruga se faz presente em vários outros setores da cidade. Por exemplo, dizem que aquela obra do ginásio não concluído não pode prosseguir por causa de um processo na justiça. É o efeito tartaruga na justiça. Aliás, dizem que o nosso parque de exposições, antes considerado um dos melhores da região, está fechado porque precisa de reformas para oferecer mais conforto para as pessoas. Não dá pra acreditar que um espaço tão grandioso possa ficar subutilizado assim. Melhor então transformarem num novo cemitério, já que os vivos não se interessam, quem sabe os mortos, né? Enquanto isso, o efeito tartaruga está agindo, enferrujando os metais, carcomendo toda a estrutura, fora o que é roubado ou depredado pelos vândalos. Acho até que o efeito tartaruga atinge outras áreas da cidade, mas vou deixar para a imaginação de vocês. Pensem onde é que o efeito tartaruga anda agindo no município e enviem seus comentários para o blog.
domingo, 18 de outubro de 2009
O EFEITO TARTARUGA
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2 comentários:
Realmente Marcos, não sei a quem interessa o efeito Tartaruga...se a oposição ou a situação pólitica é claro.
Além do Ginásio Poliesportivo do parque de exposições,temos obras inacabadas,como uma ´´casa´´ que ninguém sabe a que se destina, construida ao lado da policlinica.O atual predio da camara municipal,que poderia ser multi-uso,uma vez que as reuniões são semanais e apenas nas segundas...Nos demais dias poderia ser cinema,teatro,local de reuniões da comunidade ou qualquer outra coisa,para ser melhor utilizado.Temos casas que deveriam ser tombadas pelo patrimonio histórico,caindo,ou sob ameaça de demolição. Penso que os politicos locais não pensam na cidade,e sim em crescimentos pessoais,daí a necessidade de não continuarem obras iniciadas por politicos anteriores. Deveria sim existir uma ong sem vinculos governamentais,sobre a presidencia de pessoas apoliticas e que gostam da cidade,visando denunciar estes crimes de abandono do dinheiro público.Nada contra os politicos,mas a favor da população que paga seus impostos e só consegue,ver incapazes administrando os poucos recursos que a cidade possui.
Este prédio perto da policlinica,se reformado,evitaria que a prefeitura tivesse de alugar imovel para abrigar a secretaria de saude,e economizaria dinheiro para outros eventos.
Como disse em meu blog,Acorda Politicos.
Gostaria de compartilhar dessa opinião, infelizmente não sou nascido em Alvinópolis, mas filho e irmão de Alvinopolenses. Bem o fato é que a minha motivação e de minha esposa que é da cidade, está ficando cada vez mais distante, levando o fato que é quase um sacrifício a nossa ida para a cidade, pois a mesma, tirando a minha sogra, confesso que a cidade não tem tanto atrativos. Antes de me massacrarem devo explicar, vivo em BH e dessa cidade “Grande” que é um misto de moradores das regiões da grande MG e como o próprio autor do texto explica, que para se adaptar aqui, você tem que abandonar a postura interiorana e partir para se estabilizar e conquistar o seu espaço. E passa a comparar ou analisar com o passar dos tempos que sua vida andou a passos largos (conquistas, mudanças, estrutura) e esse tempo para os que ele considera como maior parte de sua vida “as pessoas de Alvinópolis”, não mudou muito ou até a própria cidade. Mas, o que é uma comunidade se não a própria cidade. Tenho comentado sobre minhas visões sobre a cidade de Alvinópolis para alguns alvinopolenses, do jeito que as coisas acontecem por aí, a tendência é piorar, pois não vejo posturas dos jovens em querer mudarem aquilo que para eles “ta jóia”, mas e o amanhã. Gente “é preciso ter cultura, para cuspir na estrutura”. Não sei se me fiz entender, mas é preciso acelerar o passo, pois os filhos já são pais e os pais já são avós e o ciclo da vida segue o seu rumo, em uma pequena e pacata (até de mais) cidade do interior de minas.
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