domingo, 22 de novembro de 2009

OLHA LÁ O RAPAZIM DE MONLEVADE...

Quando eu morava em Alvinópolis, sempre que aparecia alguém andando com radio na rua colado ao ouvido, com uma roupa colorida ou ouvindo som alto no carro as pessoas comentavam: - Ih...olha lá o rapazim de Monlevade...O preconceito tinha suas razões sociológicas. Com o crescimento da então Belgo Mineira, os jovens da região estavam em polvorosa querendo emprego na famosa multinacional . Foi uma verdadeira corrida do ouro ( ou do aço). Só que o fenômeno gerou uma rápida ascensão, se não intelectual, pelo menos social e financeira, melhorando o poder aquisitivo de muitos jovens e de suas familias. Com isso, a rapaziada começou a comprar os produtos de consumo que estavam à disposição e principalmente os aparelhos de som portáteis que estavam cada vez mais na moda, gerando os comentários depreciativos. Dizia-se que os "rapazinhos de monlevade" eram a peãozada , que tinham péssimo gosto musical, que se vestiam muito mal, com roupas coloridas e perfumes baratos, que vinham para Alvinópolis apenas pra buscar meninas pra namorar e casar ou pra arrumar briga e confusão na porta dos clubes. Hoje lembro dessa época achando graça. Estou morando lá e vejo como é vibrante a cidade dos rapazinhos de outrora. Aliás, os rapazinhos se tornaram homens, constituíram familias, muitas vezes com mulheres Alvinopolenses, Saudenses, Prateanas, Riopiracicabenses, Itabiranas, Gonçalenses. Monlevade continua uma cidade onde o sentimento de pertencimento ainda não se cristalizou. O amor pela cidade ainda está por ser inventado. Porém, aquele "Rapazim" do passado amarelou nos retratos. Hoje a população é cosmopolita, o comércio e o setor de serviços cresceram sensivelmente e o futuro é uma larga avenida...ou várias avenidas. É sempre bom revermos nossos conceitos, afinal de contas, no posto mais alto da nação, temos um sujeito que um dia foi peão. E pra finalizar, deixa eu contar o avesso dessa historia. Certa vez o Verde Terra foi se apresentar num evento promovido pelo saudoso João Bosco em Monlevade. Quando o VT começou a tocar, uma pessoa no meio da multidão gritou: - Úhh da roça. É a vida. Preconceito trocado não doi.

Nenhum comentário: