Quando eu morava em Alvinópolis, sempre que aparecia alguém andando com radio na rua colado ao ouvido, com uma roupa colorida ou ouvindo som alto no carro as pessoas comentavam: - Ih...olha lá o rapazim de Monlevade...O preconceito tinha suas razões sociológicas. Com o crescimento da então Belgo Mineira, os jovens da região estavam em polvorosa querendo emprego na famosa multinacional . Foi uma verdadeira corrida do ouro ( ou do aço). Só que o fenômeno gerou uma rápida ascensão, se não intelectual, pelo menos social e financeira, melhorando o poder aquisitivo de muitos jovens e de suas familias. Com isso, a rapaziada começou a comprar os produtos de consumo que estavam à disposição e principalmente os aparelhos de som portáteis que estavam cada vez mais na moda, gerando os comentários depreciativos. Dizia-se que os "rapazinhos de monlevade" eram a peãozada , que tinham péssimo gosto musical, que se vestiam muito mal, com roupas coloridas e perfumes baratos, que vinham para Alvinópolis apenas pra buscar meninas pra namorar e casar ou pra arrumar briga e confusão na porta dos clubes. Hoje lembro dessa época achando graça. Estou morando lá e vejo como é vibrante a cidade dos rapazinhos de outrora. Aliás, os rapazinhos se tornaram homens, constituíram familias, muitas vezes com mulheres Alvinopolenses, Saudenses, Prateanas, Riopiracicabenses, Itabiranas, Gonçalenses. Monlevade continua uma cidade onde o sentimento de pertencimento ainda não se cristalizou. O amor pela cidade ainda está por ser inventado. Porém, aquele "Rapazim" do passado amarelou nos retratos. Hoje a população é cosmopolita, o comércio e o setor de serviços cresceram sensivelmente e o futuro é uma larga avenida...ou várias avenidas. É sempre bom revermos nossos conceitos, afinal de contas, no posto mais alto da nação, temos um sujeito que um dia foi peão. E pra finalizar, deixa eu contar o avesso dessa historia. Certa vez o Verde Terra foi se apresentar num evento promovido pelo saudoso João Bosco em Monlevade. Quando o VT começou a tocar, uma pessoa no meio da multidão gritou: - Úhh da roça. É a vida. Preconceito trocado não doi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário