Eu adoro andar a pé em Alvinópolis, cumprimentar as pessoas, olhar as casas, rever memórias, sentir o cheiro das ruas, os sons, enfim. Eis que estava descendo a ladeira dos italianos, quando ouvi uma voz me chamando: Marcos Martino. Você pode me responder a uma pergunta? Fui pego de surpresa mas topei o desafio. Pode perguntar sim. Sem problema. E a pessoa lascou: - o que você acha sobre a reforma da previdência? E eu respondi: olha, não me considero um especialista no assunto. Todos os presidentes até hoje disseram que seria vital uma reforma em um dado momento, senão iria inviabilizar a previdência por volta de 2020. De Sarney à Dilma, todos os chefes do executivo brasileiro falaram em fazer a reforma, mas não conseguiram levar adiante, pois não houve consenso nem momento político propício. Quem me fez a pergunta foi a Glaucilene, que trabalha no SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE ALVINÓPOLIS E DOM SILVÉRIO. Junto estava Maria Aparecida Coura.
Eu falei pra elas o seguinte. Penso que a questão é de enorme gravidade e deveria ser muito bem esclarecida para a população, para que todos possam compreendê-la e participar de sua elaboração. Não acho salutar que seja imposta de cima pra baixo pelo governo e pelos nossos parlamentares sem um devido esclarecimento e concordância da sociedade. Elas me disseram que principalmente os trabalhadores rurais serão muito prejudicados, pois tem um tipo de trabalho muito duro e a partir de determinada idade, já não tem tanta energia nem saúde para certas atividades. O novo governo parece disposto a aproveitar a impopularidade exatamente para as medidas impopulares, para tentar tirar do papel as reformas necessárias, porém polêmicas. Mas não pode fazer isso de forma traiçoeira, na calada da noite. Assim como exige o fim da corrupção, o povo também exige transparência em tudo que é público. O cidadão comum fica muito confuso no meio de tanta informação truncada e não consegue discernir mais o que é justo e apropriado para o país. Resta-nos pedir a Deus que nos dê sabedoria e discernimento para a compreensão dos fatos. E não aceitarmos sacrifício que seja imposto apenas aos trabalhadores, enquanto a elite política mantém seus benefícios intactos.
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