Passam prefeitos, passam vereadores, passam deputados...mas a cultura fica!
Porém, todos nós que trabalhamos com cultura precisamos refletir sobre uma coisa vital para a sobrevivência dos nossos valores artísticos: precisamos nos organizar como PARTIDO CULTURAL.
Digo isso porque a cultura tem realmente grande dificuldade de fazer com que as pessoas percebam sua importância. Vivemos tempos imediatistas e as pessoas, hipnotizadas pelos apelos da sociedade de consumo, tem grande dificuldade em perceber valor na arte .
As pessoas, acostumadas com a chamada cultura popularesca, tem grande dificuldade em consumir uma cultura um pouco mais elaborada. Geralmente consideram uma coisa tediosa, assim como acham chatos a literatura, o balé, a arte em geral.
Ai a gente fica pensando: qual deve ser o papel de das fundações e instituições culturais ? Dar ao povo apenas o que deseja, ou seja: pão e circo, shows sertanejos, axé ou funk ? Oferecer espetáculos de grande valor artístico, capazes de gerar reflexão e depurar o senso artístico das pessoas ?
Dificil responder a essa pergunta ?
Pois eu respondo: as duas coisas são importantes.
Que o povo tenha entretenimento nos eventos de entretenimento e que tenham cultura
e arte nos festivais culturais.
O que quase sempre fica desequilibrado é o quanto se investe em cada tipo de evento.
Para os eventos de entretenimento, desde sempre se investiu grandes somas em dinheiro.
Já a cultura, há tempos andam de pires na mão, atrás de migalhas para sobreviver.
Sejamos realista. A questão é que a cultura não traz votos.
Para que isso aconteça, é preciso haver mais gente consumindo cultura, mais difusão da cultura nos ambientes propícios, principalmente nas escolas, para que as pessoas aprendam a ser mais exigentes e se interessem pelos conteúdos culturais.
Mas precisamos nos organizar como PARTIDO CULTURAL.
Não chegaremos a lugar nenhum se deixarmos que os interesses do Partido Cultural foram atropelados pelos interesses partidários.
Conclamo a todos da cultura que tenhamos um horizonte comum, ao invés de entrarmos no jogo de algumas pessoas da cidade, que tentam implodir tudo que se tente construir.
Vamos integrar o Partido Cultural e fazer a diferença.
Quem vai se filiar ?
3 comentários:
No ultimo final de semana, houve em Monlevade um show de Flávio Venturini, em comemoração aos 45 anos de Monlevade. Foi no parque do areião, com entrada gratúita. Sabe quantas pessoas foram? No máximo 300 testemunhas. Pra completar, quem foi parece que não gostou. Acharam o show melancólico e tedioso. Por um lado, os organizadores podem ter errado em programar um show gratúito, de presente para o povo a partir de seus gostos pessoais. A opinião geral é a que de que se fosse um show sertanejo de médio porte o parque iria lotar. A opção pela chamada Cultura Popular em tempos de Lula é uma regra. Parece que a MPB e outros gêneros virou coisa de gueto.
Pincei no PORTAL ALVI um comentário de um pseudo chamado MEU PREZADO que ilustra bem o pensamento de alguns : "essa onda de festivais de música já passou, a massa está ligada em outras atrações, mulher melancia, Titanic, Léo e Vítor etc".
Devo dar a mão à palmatória num certo sentido. Tem uma letra do Caetano Veloso que diz: "Narciso acha feio o que não é espelho". Por amar a arte e a cultura, as vezes posso ter sido, se não injusto, incorreto em meu julgamento. O valor da arte sempre foi objeto de polêmica. A arte sempre foi marginal, portanto, odiada pelos utilitaristas e até por alguns sábios. Veja a seguir, textos sobre Platão e Aristóteles pinçados num texto universitário>: Platão expulsou os poetas (e de um modo geral “os artistas”) de sua república. Não encontrou
lugar para eles, uma vez que o artista, segundo Platão, apenas fazia a cópia do mundo. Ora, o mundo existente, para Platão, não era o mundo real. O mundo real, para Platão, era o mundo ideal, de maneira que os artistas, ao copiarem o mundo sensível estariam fazendo a cópia da cópia, uma forma deteriorada de representação e, enfim, uma apologia da não-verdade.
Aristóteles, por sua vez, ainda que tenha dito, como Platão, que a arte tinha a ver com a cópia,
com a mera imitação (mimesis), ele não aceitou o rebaixamento da arte. Ao contrário, vendo-a como uma descrição não do que se passou, mas não raro do que poderia ter acontecido, do que seria provável, a arte estaria em um plano não tão distante do da filosofia. Além disso, se Platão condenou a arte por ela incitar paixões, Aristóteles a elogiou justamente por isso. Para Aristóteles o teatro, por exemplo, poderia incitar paixões e levar o público para uma situação saudável de catarse (catharsis), ou seja, de ampliação da capacidade de absorção de problemas coletivos e individuais, como guerras, tragédias etc.
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