Um dia, do alto de sua sabedoria de patriarca, o Sr.Quinzim me contou uma história que nunca mais me saiu da cabeça e que em meus poucos anos de vida já pude vivenciar algumas vezes e que não tenho dúvidas, ainda vivenciarei muitas outras.
Ele me falou que a vida dele era subir e descer montanhas para depois subir de novo.
Contou-me que várias vezes na vida havia empreendido um esforço medonho para subir até determinado cume.
Alcançar o topo era coroar de êxito uma trajetória.
De cima da montanha escalada, por um tempo tinha-se a sensação de ver a vida de cima, de olhar o mundo com os olhos de Deus. Mas ao ajustar o foco, ao olhar com a alma, percebia que ali não era o topo. Existiam montanhas muito maiores por superar, muitas delas encobertas por brumas, cúmulos insondáveis. Mas daí não sobrevinha um sentimento de decepção, nem de cansaço, nem de rebeldia. Apenas o impulso de descer de novo a montanha e começar a subir a outra...e a outra...e a outra.
Percebermos o quanto nos apequena a nova montanha. Sentimo-nos como formiguinhas no inicio da caminhada, para chegarmos lá em cima gigantes, tão gigantes que não podemos ser vistos nem entendidos com os olhos da matéria, pois já pertencemos a outro plano.
Mas novamente ao chegar ao topo, novas montanhas se revelam.
E seguimos assim escalando montanhas metafóricas, vislumbrando horizontes metafísicos e sonhando com o mar, que abarca todas as águas...
Imagino o Sr Quinzinho sentado em cima da mais alta montanha , junto com meu avô Dominguinhos, minha mãe D.Neusa, meus avós D.Maria e Seu Zeca e vários outros que ascenderam. Continuemos escalando...
2 comentários:
A montanha pode ser bem alta, cabe a cada um de nós querer escalá-la.
Deixar a vida nos levar só conseguiremos escalar uma pequena planície e olhe lá.
Amei seu texto.
Um abraço
Ontem (somingo) sentimos sua falta no encontro para criar a Academia municipalista de Letras de Alvinópolis. mais um trecho da montanha alcançado, rumo ao topo. A primeira caminhada foi muito legal. Ficamos com saudades de voce, que foi lembrado com várias músicas cantada por um cantor da terra (esqueci o nome). A canção "Interior" e "Do outro lado do espelho" teve neguim perto de mim que ficou com nó na garganta (Ilderaldo). Abraços,
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