Coisa complicada é ser vice. Veja por exemplo o time que é vice campeão, que tristeza. Se o time é vice campeão mineiro, por exemplo, é o segundo melhor time do estado. O segundo melhor entre centenas de times. Deveria ser honroso, mas é vergonhoso. Se Cruzeiro ou atlético são vices, significa que foram derrotados pelo maior rival, portanto rebaixados à condição de perdedores. Se o sujeito é vice-campeão do mundo de fórmula 1, não significa nada. Vejam o exemplo do Felipe Massa, que perdeu por um ponto para o Hamilton. Quem passa pra historia é o piloto Inglês. Vice não entra pra história. Engraçado que tem uma música da banda Ultraje a Rigor chamada “terceiro”. Essa música é interessante, pois fala que confortável mesmo é ser terceiro, pois ninguém lembra que o terceiro perdeu, só o vice é lembrado como perdedor. Terceiro é posição honrosa, enquanto vice é o perdedor oficial. Ser vice na política também não é fácil. Os vices geralmente entram como puxadores de votos em fatias da população, por ter credibilidade junto a segmentos específicos ou mesmo por agregar votos, informação obtida através de pesquisas. Durante a campanha, o sujeito é tão paparicado quanto o candidato, tem a oportunidade de fazer discursos, de expor suas idéias, levar para a frente partidária um pouco da ideologia do seu partido, inclusive opinando no plano de governo. Só que a realidade depois da eleição é outra. O vice é figura decorativa e se não tiver uma grande capacidade de articulação, acaba se transformando num inimigo do prefeito, por mais bem intencionado que seja. Em primeiro lugar, por tomar atitudes executivas, quando as decisões e as deliberações cabem ao titular da caneta. Em segundo lugar, por não ser atendido em suas reivindicações e idéias, ao ter rejeitadas as proposições de campanha, ao bater de frente contra os projetos do prefeito e seu secretariado. Vice que não tem jogo de cintura, tá morto. Essa é a realidade. Em primeiro lugar, tem de saber respeitar os limites do ego do prefeito. Não tem um que não seja vaidoso e todos querem deixar claro que quem manda são eles. E eles tem razão, pois todas as responsabilidades recaem sobre o chefe do executivo. Em segundo lugar, tem de deixar claro pro prefeito que terá lealdade total, que vai jogar no seu time, pensando num projeto à longo prazo. Em terceiro lugar, tem de dar suporte aos projetos do prefeito e seu secretariado, atuar conjuntamente, de forma harmoniosa. Em quarto lugar, qualquer projeto deve ser apresentado de forma didática, demonstrando as vantagens para o município, os benefícios para as pessoas, os retornos políticos.Em quinto lugar, todas as ações devem ser divulgadas como ações da prefeitura e não como ações individuais, independentes. Difícil mesmo é o vice saber domar o ego, dominar o ímpeto e os conselhos de um grupo de pessoas, que imaginam ajudar, mas acabam atrapalhando com conselhos errados e venenos injetados nos momentos de desavenças. Já vi alguns vices extremamente bem articulados, como o atual prefeito Toninho Timbira de Santa Bárbara, que quando vice soube o seu lugar, conquistou a confiança do prefeito e fizeram juntos uma das melhores administrações de Santa Bárbara em todos os tempos. Outro exemplo maravilhoso é do vice do presidente Lula, José de Alencar. Com todas as diferenças que os dois possam ter, existe uma relação de lealdade e confiança. Alencar é um industrial, um liberal, enquanto Lula é um ex-torneiro mecânico, de visão socialista. Essa união teria tudo pra dar errado, no entanto os dois configuram uma das mais belas amizades da história da república. Como bem diz o poeta, “tudo vale à pena quando a alma não é pequena”.
3 comentários:
Amigo Marcos,
vc anda uma fera na escrita!!!
Vejo algumas diferenças entre as situações propostas por vc. Vice campeão é aquele que deixou de ganhar, enquanto que o vice de um cargo público é aquele que tem, por competência, substituir o titular em suas ausências e impedimentos. Diferente na essência, portanto.
Quando partidos diferentes se unem para a conquista de um mandato eletivo, deveriam levar em conta as suas afinidades, a convergência de seus programas partidários. Caso isso acontecesse, estariam, desde a campanha, unidos em torno de um único projeto e trabalhariam em conjunto para a consecução dos objetivos comuns.
Ocorre que, no Brasil, os partidos políticos são extremamente frágeis e a união, geralmente, dá-se em torno de interesses vários, acabando por unir partidos que possuem programas totalmente diferentes. Assim, o titular do cargo acaba por bater de frente com o seu vice e esses acabam sem espaço de atuação política, ou mesmo, sem ter como participar da execução das propostas defendidas durante a campanha.
O vice é um cargo decorativo, vc bem o disse. E, como tal, deveria ser extinto. Até porque, vice não é eleito. Ele é um acessório. As pessoas não votaram no Zé Alencar. Votaram no Lula. O vice costuma agregar, mas, se o candidato à vaga não for bom, não adianta.
A extinção do vice traria economia para os cofres públicos. E, em caso de impedimento do titular, há sempre o presidente da CÂmara ou a possibilidade de o povo voltar às urnas e eleger quem eles realmente quiserem, ao invés de ver, empossado, alguém que, muitas vezes, não era o candidato de sua predileção.
Abraços, amigo!!!
(Tá tomando gosto de escrever sobre política, né... daqui a pouco vira prefeito, rsrsrsrsrs).
Caro Vanderhugo.
Obrigado pelo comentário.
Sua colação procede no que diz respeito ao que deveria ser a política.
Mas ninguém melhor que você pra saber que a política tem componentes que extrapolam a ética e a racionalidade.
No que diz respeito ao marketing politico por exemplo, na hora da campanha, o que vale é conseguir configurar um projeto capaz de convencer a opinião pública de que você tem condições de administrar melhor a cidade e fazer o melhor para as pessoas.
Já depois de eleitos,será hora de comportar os interesses e de montar o time que vai governar.
Ai entram critérios que vão depender do prefeito. Os dois critérios principais são: fidelidade e competência para os cargos. Só que o primeiro critério pesa bem mais que o segundo, assim, se o sujeito for competente mas não tiver fidelidade, companheirismo, será colocado de lado.
Mas quanto à comparação dos vices, voce tem razão quando coloca que há diferenças. Só fiz uma correlação pra introduzir o assunto principal que veio depois. De qualquer maneira, vice sempre sofre. A não ser Itamar e Sarney...rsrsrs
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