Durante muitos anos, o vaticano tinha a primazia sobre as santidades.
Apenas os papas podiam definir quem iria ou não ser chamado de santo.
Só que o tempo passou e depois de reformas e contra-reformas mil, os santos padres perderam seus poderes, suas prerrogativas históricas.
Outra coisa interessante é que na idade média, até em grande parte da vida contemporânea, os critérios para se chegar à santidade eram principalmente a virtude, o sacrifício, a penitência.
Pois nos novos tempos, as coisas mudaram radicalmente.
Quem passou a determinar quem vai ou não vai ser “santo” é a mídia.
Mas muitas diferenças aconteceram.
Em primeiro lugar, as santidades de hoje não precisam de virtudes.
Até a nomenclatura mudou. Santo hoje é sinônimo de celebridade.
Esses bbbs de tempo integral, nem se importam com perenidade.
Querem sucesso imediato, descartável, serem adorados por pouco tempo.
Precisam é manter-se no foco, na mídia, na moda.
Precisam ter uma vida social pública, cheia de escândalos e lances polêmicos.
Se for mulher, deverá ter disposição pra posar nua pra revista masculina.
Se não tiver um corpo perfeito, nada que um bom photoshop não resolva.
Se for homem, será um pouco mais difícil.
Agora, vamos e convenhamos.
Nos tempos atuais, se tem uma pessoa que merece ser canonizada é o Lula.
O nosso presidente tem uma trajetória próxima de uma saga, um ser humano que saiu de baixo, encarou a hipoteticamente impossível escalada da ascensão social nesse pais de castas sublimadas. Além do mais, é um autodidata chefiando milhões de PHDs, de doutores, sociólogos, especialistas, teóricos, sábios e sabiás. Um orador capaz de hipnotizar platéias, negociador habilidoso, que teve o dom para retirar o Brasil do terceiro mundo e elevá-lo a algo próximo do primeiro.
Pode ser que a história prove o contrário, principalmente porque ela costuma ser reformada pelos detentores do poder. Então, vamos nos aproveitar do santo enquanto ele vive.
Depois, o Padre Cícero que se cuide!