Bom gosto é o meu.
Parece arrogancia,
mas é constatação.
Minha língua me diz
o que é agradável ao paladar.
Meus ouvidos sabem o que lhes agrada.
Meus olhos reconhecem a beleza.
Meu olfato aprecia bons perfumes.
Mas percebi
que ela não gosta de cebola.
Também não gosta de jazz.
Usa roupas estranhas
e detesta perfumes.
Ela deu um cheque no bom gosto
que eu pensava que tinha.
Ela gosta de comida japonesa,
de bossa nova,
de alta costura
e de um incenso suave
de vez em quando.
Pensei comigo:
- Meu Deus, meu bom gosto era falso!
Fui me moldando ao bom gosto dela
e deixei o meu guardado
numa gaveta qualquer.
Dizem que o bom gosto
vai mesmo mudando com o tempo.
Vamos acumulando milhas e refinando.
Depois de aprender muita coisa no convívio,
de estudar por vários anos,
acontece até de nos lapidarmos
e do nosso bom gosto ficar...
internacional.
Também acontece diferente.
Muitas vezes a pessoa
fica muito rica
da noite pro dia,
mas continua com o gosto popular,
comprando aparelho de som de ponta
pra ouvir Axé, Funk ou Sertanejo.
O menu do novo rico
será ainda de peão.
Churrasco, cerveja e cachaça.
Qualquer coisa faz lipo
e volta pra mesa.
São pessoas que detestam poesia
ou algum tipo de intelectualismo.
É um problema.
Quanto mais a gente evolui,
quanto mais nos informamos,
quando mais nos aprofundamos
nas verdades do mundo,
mais nos afastamos
do bom gosto comum.
E se dissermos que não gostamos
de música sertaneja
ou outro gênero,
quem aprecia vai dizer
que temos mal gosto.
Mas é isso mesmo.
Tudo normal,
mas de uma coisa eu tenho certeza:
Bom gosto é o meu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário