O ALVINÓPOLIS QUE PENSA foi ouvir MÁRCIO ALVES DE CARVALHO, o nosso ex prefeito Marcinho. Na entrevista, ele contou histórias muito legais sobre a criação do parque, os primeiros anos, os objetivos e também opinou sobre a atual fase. Mas vamos à entrevista.
AQP - O que motivou a idéia da criação
do Parque de Exposições? Foi em qual governo?
MARCINHO - Foi no
governo de Dico Lavanca, ocasião em que eu ocupava o cargo de Secretário
Municipal de governo . A ideia inicial era dotar o município de um espaço
público para a realização de vários eventos, ou seja, de multiuso, só que o
município não dispunha de recursos financeiros para a aquisição do terreno.
AQP - E como foi que
conseguiram recursos para a aquisição do terreno e construção do parque?
MARCINHO - Em uma
conversa com o então Deputado José Santana sobre o nosso intento, o mesmo nos instruiu
a comprar o terreno que estava à venda lá onde se encontra o Parque e ele se
responsabilizaria em alocar os recursos financeiros para o seu pagamento e
assim fizemos. E
ele realmente conseguiu o dinheiro. Quando existe um trabalho de parceria entre a prefeitura e um
deputado dedicado à cidade, dá pra fazer muitas coisas boas para o município.
Foi assim com prefeitos como Nilo Gomes, Dr Mario, Dico, Vicente Rocha, Sr Marinho Cota e comigo.
Eu não tenho dúvidas de que as grandes obras do município foram nesse período.
AQP -E o local lhes
pareceu adequado?
MARCINHO - Sim e por
vários motivos: I)- atenderia a ideia inicial de ser um espaço multiuso; 2) -
Valorizaria a classe rural proporcionando-lhes espaços para a realização de
diversas atividades ligadas ao setor, como exposições de animais, torneios, leilões,
rodeios, cavalgadas etc; 3) - Seria ainda, um espaço voltado para a realização
de shows, Gincanas, feiras, praça de alimentação e outras atividades ligadas ao
bem estar e ao entretenimento.
AQP -Mas houve um caso de uma primeira cavalgada oficial que aconteceu lá, toda na base do improviso. Foi legal?
MARCINHO - Sim, foi
muito legal e divertido. Na época não tinha nada construído, mas a cidade
contava com o talento de Clebinha e a animação de Arístidina Faria. Fizemos uma
festa linda, tudo no improviso, usando madeira roliça, bambú, taquaras, sapê e
lonas para a construção das barracas e demais instalações, todas enfeitadas com
muito papel colorido. Mas foi um sucesso;
AQP -Mas como foi a construção do parque? Como foi a história? Foi ainda
no governo Dico Lavanca né?
MARCINHO - O primeiro passo foi cercar toda a
área com muros, construir um palco com camarim , sanitários e a arena, todas em
conformidade com o projeto arquitetônico pré-elaborado e as demais instalações
continuaram improvisadas. Essa fase foi no governo Dico sim. Ao assumir já como Prefeito dei continuidade
na execução do projeto, construindo as obras restantes, como: os pavilhões de
abrigo de animais, os bares, as baias em parceria com o clube do cavalo,
calçamento, canteiros para as áreas verdes , melhorias nos sanitários,
construção do espaço para eventos menores (redondo), canalização do córrego que
atravessa o fundo do terreno, bilheterias,etc ;
AQP -E como eram as exposições dessa época?
MARCINHO - Era realizada anualmente, em data
préviamente definida no calendário anual de eventos elaborado pela Associação
dos municípios integrantes da micro região do Vale do Piracicaba em comum
acordo entre os Prefeitos. Era exposto através de uma seleção prévia, o produto
que o produtor rural ou empresa tivesse de melhor em termos de genética elou
tecnologia.
AQP -E houve realmente alguma evolução perceptível a partir das
exposições que aconteciam?
MARCINHO - Não tenho dúvidas. Nas primeiras
exposições os pecuaristas do município perceberam que precisavam melhorar muito
para atingir o nível de alguns colegas expositores. Naturalmente foram se adaptando, melhorando a
performance (genética) do gado, passando até a vencer os torneios. Através das
exposições e da parceria com a EMATER, muitas coisas boas chegaram ao homem do
campo.
AQP -Há algum tempo atrás comentaram nas redes sociais que aquele terreno
do parque não está regularizado e que o município pode perdê-lo. É verdade ou
boato?
MARCINHO -. É boato. Está regularizado e
incorporado ao patrimônio do município. Foi feito na época uma desapropriação
por decreto, mas amigável. O que está
irregular naquele terreno é o desvio de sua finalidade. Tem funcionado
ultimamente como depósito de entulhos.
AQP -O parque de exposições desde a sua inauguração, passou por uma série
de modificações, passando por cima do projeto original. O que pensa a respeito?
MARCINHO - Realmente isto tem acontecido. Eu
penso que é no mínimo uma irresponsabilidade de quem as praticou.
AQP -Porque o parque é tão pouco utilizado?
MARCINHO - Não sou a
pessoa certa para responder a essa pergunta. Mas imagino que é por falta de
interesse e criatividade do gestor.
AQP -Tem quem ache que o parque tem que ser privatizado, que só dá despesa pra
prefeitura. Você concorda? Você não acredita num modelo de gestão que permita gerar
uma renda pelo menos para o parque se manter?
MARCINHO - Discordo
plenamente. Privatizá-lo significa vendê-lo para a iniciativa privada o que
também não concordo. Todo bem público gera despesa ,se isso valer como pretexto
para vendê-lo, pode a qualquer hora valer para vender qualquer bem público do
município, podendo, inclusive, chegar a esdrúxula proposta de vender as nossas
praças. Se adotar um modelo de gestão que permita a terceirização dos eventos
cobrando um valor pela cessão Acho que dá para se manter.
AQP -O que acha de um modelo de gestão compartilhada, com um conselho
formado por representantes da EMATER, SINDICATO RURAL, PREFEITURA E AMIGOS DO
PARQUE?
MARCINHO - Acho
válido. Não sei se o prefeito
concordaria em tomar uma decisão desta magnitude com o receio de estar com este
gesto assinando um atestado de sua própria incompetência. Seria um ato de coragem.
AQP -Quando um prefeito ocupa a prefeitura,
ele assume as chaves da cidade e entre essas chaves está a do parque de
exposições. Ele é quem decide o que fazer com o espaço. Se você fosse o
Prefeito, haveria esse espaço para o diálogo? Você aceitaria conversar e
dividir responsabilidades?
MARCINHO - Realmente quem toma as decisões
concernentes à administração do município é o Prefeito. Só que elas têm que ser
tomadas com estrita observância as leis, sob pena de ser punido por decisões
conflitantes. Foi o que aconteceu com a decisão do prefeito em depositar lixos
e entulhos lá no parque. Se fosse o Prefeito dialogaria com qualquer cidadão
sobre qualquer tema relativo aos interesses maiores do munícipes e também
aceitaria de bom grado dividir responsabilidades mesmo sabendo ser o principal responsável por todos os atos administrativos.
( Em tempo, nosso parque hoje encontra-se em situação precária. Há pouco tempo foi muito danificado durante uma tempestade anormal que precipitou-se sobre a cidade. Depois dessa tempestade que arrasou a cidade, emergencialmente teve de receber parte do entulho da chuva que obstruía várias ruas da cidade. Só que era pra ser provisório e só foi retirado quando o promotor e o Ministério Público agiram. De qualquer forma a destruição no parque foi considerável e recuperá-lo custa um bom dinheiro e pelas informações, a prefeitura está sem dinheiro. Talvez seja necessário o povo se unir para recuperá-lo. Quem topa? )