Muitos vão torcer o nariz para o que escrevo. Não é pra esgotar o assunto, mas sim para esclarecer sobre uma coisa que me incomoda bastante. Seria bastante simplista dizer que não tenho vontade de levar adiante o projeto do CD com as músicas do Verde Terra. Acho que as músicas são bastante representativas, que o Verde Terra fez história durante sua época, que algumas canções são até muito atuais. Mas o que me frustra é que não consegui um meio de viabilizar o trabalho. Pra começo de conversa, jamais conseguimos dinheiro para tocar o projeto. Já tentei buscar patrocínios, mas nada arrecadei. Pode ser que nem seja por falta de qualidade do trabalho, mas por incompetência mesmo nesse quesito de captação. Outro item que me trava é a questão tempo. Quisera eu tivesse talento para transformar minha arte em dinheiro, mas jamais consegui isso. Meus trabalhos quase sempre obtiveram reconhecimento de crítica, são veiculados, mas nada de gerar renda. Nunca consegui ganhar dinheiro com a minha arte. Só consegui me destacar “profissionalmente”, quando misturei essa minha faculdade músical com a publicidade, seja criando jingles e músicas temáticas, textos publicitários ou políticos. Mas voltando ao Verde Terra, tivemos recentemente um novo surto de entusiasmo, com a volta em cena de um membro fundador: o Carlinhos Gipão, irmão do Ricardão. Carlinhos acordou o Verdeterrossauro. Ele tem a teoria de que devemos ir nos reunindo, ensaiando, pensando juntos, pois quando a gente sonha, o universo conspira para que o sonho se realize. Não duvido disso. A questão é que esse entusiasmo coincidiu com um acontecimento que tem me tomado quase todo tempo. Recentemente, como é sabido, assumi a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Monlevade. Assim, tive meu tempo quase que totalmente ocupado. Esse reconhecimento pra mim foi importante, pois me permitirá até criar uma base sólida para futuros trabalhos, mas por outro lado, trouxe grande frustração, pois acabo não tendo no momento o tempo necessário para me dedicar ao projeto Verde Terrano. Meus amigos nutrem grande entusiasmo pelo projeto, sonham com shows, com sucesso e tudo mais. Uns podem chamar de realismo, outros até de pessimismo, mas não consigo enxergar tantos horizontes futuros. Em primeiro lugar, porque em minha opinião, as pessoas hoje em dia não vêm se interessando tanto por conteúdos como os abordados pelo Verde Terra . Segundo, porque os membros já estão todos com mais de 40 e não consigo imaginar que nossas imagens carcomidas pelo tempo possam vender qualquer coisa. Penso que registrar esses trabalhos do Verde Terra teria valor de resgate, inclusive sendo passível de tombamento como memória imaterial pelo patrimônio histórico. Mas primeiro, teria de ser elaborado um projeto voltado para um dos Fundos Nacionais de Cultura e levantar o dinheiro necessário para sua execução, para depois tombar, pois não há como preservar o que ainda nem foi registrado fonograficamente. Meus amigos, Jovelino e Carlinhos, chegaram até a conversar com o prefeito João Galo Índio sobre o assunto, mas sendo sincero novamente, nosso prefeito tem de administrar o dinheiro para a coletividade e não sei até que ponto interessa à nossa comunidade ajudar a bancar o CD de um grupo que foi importante durante os festivais dos anos 80. O único caminho que vislumbro seria através de uma das leis, para reivindicar verbas que até existem na cultura, mas de qualquer maneira, precisaria haver alguém, uma fundação ou ONG que se dispusesse a desenvolver um projeto nesse sentido e a lidar com um enorme cipoal burocrático. E enquanto isso não acontece, o Verdeterrossauro vai voltar a hibernar...e pode ser que nunca mais acorde.
2 comentários:
Ah Marcos, muita gente tem saudade do Verde Terra, mas vamos a realidade, quanto ficaria a gravação de um CD? E se fizesse uma venda antecipada? Temos que ser otimistas pois ainda é um projeto atual.
Muito sensata e realista a matéria, que só peca no seu final: Não podemos confundir dificuldade e obstáculos para o projeto do cd com estar hibernando,pois quem dorme não sai do lugar (talvez só nos sonhos) e de uma coisa tenho certeza: estou bem acordado planejando COMO FAZER, e embora Marcos tenha sua opinião e rotina diferenciada, restam ainda os demais integrantes do VERDE TERRA, e até onde tenho conhecimento, NÃO TEM NINGUÉM DORMINDO, até mesmo porque a corrreria dos dias de hoje não nos dão este luxo de passar pela vida dormindo.
Mais uma coisinha: segundo o que aprendi somente os Ursos hibernam.
Um grande abraço para o Marcos.
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